São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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PERFIL
Rosinha assume Secretaria de Ação Social
Primeira-dama diz que cargo é "missão"

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio

A primeira-dama fluminense, Rosinha Matheus, já reinava no Palácio Laranjeiras. Agora, ela amplia seus domínios para além da residência do governador do Estado. Reinará sobre a área social da administração estadual. "É uma missão", diz.
Rosinha, 37, se diverte contando à Folha como soube que ganharia a Secretaria de Ação Social, onde trabalhará sem receber vencimentos. "O Garotinho me ligou e disse: Como vai minha secretária?", narra Rosinha, que respondeu ao marido: "Estou mais para sua babá do que para sua secretária".
Exagero à parte, ela realmente está ajudando o governador do Rio a enfrentar a crise política em que está enfiado.
Presença constante ao lado do marido, Rosinha dá palpites no governo, nas alianças, participa das reuniões de secretariado e dos encontros políticos -inclusive dos mais fechados, que definem o futuro do governo.
Como o que homologou a saída do PT da administração pedetista, na terça-feira. Foi ela quem cobrou de forma mais enfática dos petistas uma debandada pacífica, sem ataques ao governo.
A Folha apurou que Rosinha disse que recebera denúncias contra altos dirigentes do PT do Rio, relativos a supostos benefícios obtidos na gestão de Eduardo Cunha na Cehab (Companhia Estadual de Habitação) e irregularidades cometidas na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Não foi apenas lá que ela saiu em defesa do marido. No programa de Jô Soares, quarta-feira, por exemplo, mostrou indignação em relação às denúncias que atingem o governo. "Estão querendo atingir a minha família", reclamou a mãe de nove filhos (quatro naturais).
Assim como outra primeira-dama, Ruth Cardoso, Rosinha não gosta de ser chamada por esse título. "Não sou uma primeira-dama. Sou uma militante do partido", diz ela, que afirma não seguir os passos de nenhuma política famosa.
"Mas, se tivesse que destacar uma, seria a Evita", ressalva, citando a mulher do presidente argentino Juan Perón -famosa pelas ações assistenciais e apelidada de "madona dos descamisados".
Rosinha admite que assumir um cargo público "é um risco". Principalmente em meio à crise política. Mas que sempre corre para ajudar o marido quando ele precisa.
"Ele só me dá pepino", reclama a musa de Garotinho -que costuma lhe dedicar poemas de amor e a quem ela chama na intimidade de "Bolinha".
Essa faceta política não é nova. Rosinha conheceu o marido em um curso do Teatro do Oprimido, do dramaturgo Augusto Boal. Militaram juntos na esquerda. Se filiaram ao PDT e ela sempre cuidou da área social nas duas gestões de Garotinho como prefeito de Campos (norte fluminense).
Radialista, como o marido, era ela quem animava os comícios de campanha. E, como primeira-dama, toca a obra social Vida.
"O governador Leonel Brizola já tentou me lançar para outras coisas, para deputada estadual, federal, e nunca aceitei. Desta vez resolvi aceitar", diz ela, que afirma não ter nenhum projeto político. Por enquanto. "Se um dia for necessário, não diria não." Sonho confesso, até agora, só o de apresentar um programa de TV -seu modelo é Hebe Camargo.



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