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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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DO OUTRO LADO

Declaração de Fernando Henrique é resposta a afirmação do presidente

FHC declara que não fará "bravatas"

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem querer comparar seu governo ao de seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que, mesmo com o PSDB na oposição, não pretende fazer bravatas para prejudicar ou atrapalhar as ações do governo federal.
"Eu faria o possível para não fazer bravata nem na oposição", disse o ex-presidente ontem, em São Paulo, durante cerimônia de inauguração da nova sede do Centro da Cultura Judaica - Casa de Cultura de Israel.
A declaração é uma crítica ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, no final do mês passado, disse que à oposição cabia somente bravata. "[A oposição] pode fazer bravata porque não vai poder executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer. Aí não cabe bravata", afirmou o presidente da República.
Ao final do evento, Fernando Henrique elogiou o que chamou de "comportamento do presidente Lula atual, um comportamento responsável", mas afirmou que os três primeiros meses de governo do PT ainda são insuficientes para qualquer julgamento.
"Acho que três meses é uma época muito curta para fazer uma avaliação. Não vou contribuir para avaliá-lo antes da hora. É preciso dar tempo para que ele [Lula] possa realizar o que prometeu ao Brasil. E ele prometeu muito. E o Brasil espera muito dele."

Oposição
Ao falar sobre o futuro do PSDB fora do governo federal, o ex-presidente repetiu várias vezes que seu partido assumirá uma oposição responsável, limitada por diretrizes partidárias, "nunca acima dos interesses do país".
Na sexta-feira passada, o petista João Paulo Cunha, presidente da Câmara Federal, disse que o PT foi contra as reformas propostas na gestão de Fernando Henrique porque queria chegar ao poder.
"[Na oposição], não vou fazer nada para destruir. Não vou fazer com o Lula o que o PT fez comigo durante meus oito anos de governo", afirmou o ex-presidente.
Apesar do endurecimento no tom das críticas de governadores tucanos sobre o governo de Lula, Fernando Henrique disse irá ajudar o partido a construir "um estilo novo de oposição", que permita, segundo ele, distinguir o interesse nacional do partidário.
Disse que, como presidente de honra da legenda, irá orientar os tucanos a uma oposição construtiva. "O PSDB estará contra o que não for de acordo com as nossas opiniões e diretrizes, mas sem nunca confundir o que é de interesse eleitoral e o que é de interesse do Brasil. O interesse do Brasil acima de tudo".
Além de Fernando Henrique, que é presidente de honra do centro cultural, participaram da cerimônia José Mindlin, presidente do conselho da entidade, e David Feffer, presidente da diretoria executiva e neto de um dos idealizadores do projeto.
Compareceram ainda o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e os secretários estaduais Cláudia Costin (Cultura) e Arnaldo Madeira (Casa Civil), este representando o governador Geraldo Alckmin.


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