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DO OUTRO LADO
Declaração de Fernando Henrique é resposta a afirmação do presidente
FHC declara que não fará "bravatas"
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem querer comparar seu governo ao de seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso afirmou ontem que,
mesmo com o PSDB na oposição,
não pretende fazer bravatas para
prejudicar ou atrapalhar as ações
do governo federal.
"Eu faria o possível para não fazer bravata nem na oposição",
disse o ex-presidente ontem, em
São Paulo, durante cerimônia de
inauguração da nova sede do
Centro da Cultura Judaica - Casa
de Cultura de Israel.
A declaração é uma crítica ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, no final do mês passado,
disse que à oposição cabia somente bravata. "[A oposição] pode fazer bravata porque não vai poder
executar nada mesmo. Agora,
quando você é governo, tem de fazer. Aí não cabe bravata", afirmou
o presidente da República.
Ao final do evento, Fernando
Henrique elogiou o que chamou
de "comportamento do presidente Lula atual, um comportamento
responsável", mas afirmou que os
três primeiros meses de governo
do PT ainda são insuficientes para
qualquer julgamento.
"Acho que três meses é uma
época muito curta para fazer uma
avaliação. Não vou contribuir para avaliá-lo antes da hora. É preciso dar tempo para que ele [Lula]
possa realizar o que prometeu ao
Brasil. E ele prometeu muito. E o
Brasil espera muito dele."
Oposição
Ao falar sobre o futuro do PSDB
fora do governo federal, o ex-presidente repetiu várias vezes que
seu partido assumirá uma oposição responsável, limitada por diretrizes partidárias, "nunca acima
dos interesses do país".
Na sexta-feira passada, o petista
João Paulo Cunha, presidente da
Câmara Federal, disse que o PT
foi contra as reformas propostas
na gestão de Fernando Henrique
porque queria chegar ao poder.
"[Na oposição], não vou fazer
nada para destruir. Não vou fazer
com o Lula o que o PT fez comigo
durante meus oito anos de governo", afirmou o ex-presidente.
Apesar do endurecimento no
tom das críticas de governadores
tucanos sobre o governo de Lula,
Fernando Henrique disse irá ajudar o partido a construir "um estilo novo de oposição", que permita, segundo ele, distinguir o interesse nacional do partidário.
Disse que, como presidente de
honra da legenda, irá orientar os
tucanos a uma oposição construtiva. "O PSDB estará contra o que
não for de acordo com as nossas
opiniões e diretrizes, mas sem
nunca confundir o que é de interesse eleitoral e o que é de interesse do Brasil. O interesse do Brasil
acima de tudo".
Além de Fernando Henrique,
que é presidente de honra do centro cultural, participaram da cerimônia José Mindlin, presidente
do conselho da entidade, e David
Feffer, presidente da diretoria
executiva e neto de um dos idealizadores do projeto.
Compareceram ainda o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e os secretários estaduais Cláudia Costin
(Cultura) e Arnaldo Madeira (Casa Civil), este representando o governador Geraldo Alckmin.
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