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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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Depoente cita "acerto" de US$ 3 mi

DA SUCURSAL DO RIO

Testemunha-chave do caso, a ex-mulher de Carlos Eduardo Pereira Ramos disse na Justiça ter ouvido de Andréia Gonçalves, mulher de Rômulo Gonçalves, que os dois fiscais teriam feito um "acerto" para receber US$ 3 milhões do laboratório SmithKline -metade para cada um.
Outro suposto caso de corrupção foi confirmado na Justiça pelo lobista Romeu Sufan, que aparece num vídeo pedindo dinheiro a diretores da Light para suspender uma fiscalização, em 1999.
Ele disse que Gonçalves o enviou até a distribuidora de energia para fazer uma proposta que fosse capaz de reduzir o valor de multas cobradas da empresa pela Fazenda do Rio: o pagamento de US$ 2 milhões. O lobista ficaria com 10% da propina.
Sufan confirmou ontem as informações de seu depoimento na Polícia Federal, em 11 de abril.
Indiciado por corrupção, ele passou a colaborar com a investigação e foi ouvido ontem na Justiça na condição de "réu colaborador". Confirmou tudo o que havia dito antes.
A ex-mulher de Pereira Ramos, que chegou a ser beneficiária de uma conta na Suíça, foi ouvida na Justiça com base na lei 9.807/99, que trata da delação premiada, ou seja, fornecimento de informações em troca de algum benefício no decorrer da investigação.
A ex-mulher de Pereira Ramos e Sufan estão sob proteção da Polícia Federal. Ela, que viveu com o fiscal de 1983 a 1998, depôs atrás de uma cortina e escoltada por uma delegada. A testemunha disse que se sente ameaçada e teme pela vida das duas filhas e do marido. Seu rosto não foi visto pelas pessoas que estavam no auditório da Justiça Federal.
V. G. S. foi ouvida pela Polícia Federal no dia 8 de abril, no interior de São Paulo, onde mora. Em sua casa foram apreendidos papéis com informações sobre a viagem à Suíça, como notas de compras, um bilhete de trem e menções ao nome do hotel. Os depoimentos dela e de Sufan são fundamentais para que os fiscais sejam indiciados por corrupção.

SmithKline
A PF também vai tentar negociar informações com o laboratório SmithKline, multinacional de origem britânica que se fundiu com a Glaxo norte-americana em 2000.
O presidente da CPI do "Propinoduto", deputado Paulo Melo (PMDB), disse ontem que a SmithKline recebeu cerca de cem multas de 1995 a 1997 e que a fiscalização foi feita pela inspetoria onde trabalhavam Pereira Ramos e Gonçalves.
Em nota, o laboratório GlaxoSmithKline negou "qualquer relação irregular entre os fiscais e a companhia".


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