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MARCA REGISTRADA
Canteiro com formato de símbolo do PT foi feito há seis meses em jardim tombado pelo patrimônio
Lula planta estrela no Alvorada e no Torto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O jardim do Palácio da Alvorada, cujo projeto foi doado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek
(1956-1960) pelo imperador japonês Hiroito, ostenta -há seis meses- um canteiro de flores vermelhas (sálvias) no formato da estrela do PT, partido do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A estrela
tem quatro metros de diâmetro.
A novidade, revelada ontem pelo jornal "Correio Braziliense",
provocou reações contrárias, como a de entidades ligadas à preservação do patrimônio da cidade
e de senadores da oposição. "É o
símbolo do aparelhamento do Estado", disse o senador tucano
Tasso Jereissati (CE). Já para o líder do PSDB, Arthur Virgílio
(AM), "a administração do Palácio do Planalto agrediu os símbolos da República".
Há uma outra estrela de sálvia
com cinco metros de diâmetro no
jardim da Granja do Torto, onde
Lula e sua família costumam passar fins de semana e feriados.
Por serem tombados, os jardins
de Brasília, e dos palácios do governo, são mantidos desde a fundação da cidade pela empresa Novacap (Novacapital). Quem paga
pelos serviços é o governo do Distrito Federal.
Os jardins do Palácio da Alvorada e do Palácio do Jaburu, este último planejado pelo paisagista
Roberto Burle Marx, são mantidos por jardineiros especialmente
treinados, segundo informou a
assessoria do governo distrital.
A assessoria de imprensa do
Planalto informou que a estrela de
sálvia foi uma sugestão de um dos
jardineiros responsáveis pela manutenção do jardim do Alvorada
e foi aceita pela primeira-dama
Marisa Letícia. Disse também haver canteiros com formatos de
meia-lua, quadrado e triângulo.
O porta-voz do governo do Distrito Federal, Paulo Fona, por sua
vez, disse que "a Novacap só faz o
que determina a primeira-dama".
O chamado Plano Piloto -região de Brasília que tem o formato
de uma aeronave e foi planejada
pelo arquiteto Lúcio Costa- é
tombado pelo Iphan, o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Como o Palácio da
Alvorada fica na região, também
faz parte do tombamento.
De acordo com as regras de
tombamento, os ocupantes das
residências oficiais só podem fazer modificações nos prédios e
nos jardins com autorização do
Iphan. Freqüentemente também
se pede autorização para o autor
da obra, caso ele ainda esteja vivo.
No entanto, o arquiteto José Leme Galvão, gerente de proteção
do Iphan, afirma que a estrela de
sálvia não descumpre a lei. Segundo ele, um canteiro de quatro metros de diâmetro é muito pequeno
para descaracterizar um jardim
de 38 hectares.
O arquiteto Carlos Magalhães,
70, que participou da construção
de Brasília e hoje é um dos defensores do seu patrimônio, afirmou
que Lula tem de "fazer modificações sociais, e não paisagísticas".
O presidente do Instituto dos
Arquitetos do Brasil, Haroldo Villar Queiroz, afirmou que os governantes devem ter em mente
que as residências oficiais são
ocupadas por tempo determinado. "Se espera que o presidente dê
um exemplo de respeito em relação à coisa pública".
Ex-primeiras-damas
As primeiras-damas Lucy Geisel
(1974-79) e Dulce Figueiredo
(1979-85) fizeram algumas alterações nas flores dos jardins do Palácio da Alvorada, mas respeitaram os canteiros estabelecidos no
projeto original do jardim.
Segundo funcionários da Novacap, a empresa que faz a manutenção dos jardins de Brasília,
Lucy e Dulce nunca excederam os
locais determinados pelo projeto
para plantar novas flores.
Ainda segundo funcionários da
empresa, a ex-primeira-dama
Ruth Cardoso (1995-2002) não fez
nenhuma alteração nos jardins.
Outra que não fez alterações nos
jardins ou no palácio em que vive
é Marisa da Silva, mulher do vice-presidente José Alencar.
O casal mora no Palácio do Jaburu, que, assim como o Alvorada, foi projetado pelo arquiteto
Oscar Niemeyer.
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