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PRIVATIZAÇÃO
Ausência de ágio na venda da Metropolitana frustra Covas, que foi aconselhado a evitar o leilão de ontem
Governo de SP vê apenas "sucesso parcial'
PATRÍCIA ANDRADE
PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local
A venda da Eletropaulo Metropolitana sem qualquer ágio frustrou as expectativas do governo
paulista, que considerava esse leilão como estratégico para alavancar o PED (Programa Estadual de
Desestatização).
Embora tentasse disfarçar a decepção, o próprio governador Mário Covas (PSDB) admitiu que a
privatização da empresa foi um
"sucesso parcial".
"Não foi decepcionante. Alcançamos um sucesso parcial na venda de hoje. É claro que eu esperava
que o ágio fosse de 300%, mas isso
não aconteceu, paciência", disse
Covas logo após o leilão na Bovespa,no centro de São Paulo.
Além de ter vendido pelo preço
mínimo a Eletropaulo Metropolitana, que será a maior distribuidora de energia da América Latina, o
governo paulista não conseguiu
vender a Bandeirante, outra subsidiária da Eletropaulo.
Com isso, todo o cronograma de
privatização do setor elétrico será
atrasado. "A venda da Bandeirante vai ser rediscutida no PED. O
fato de não terem aparecido compradores foi uma questão de mercado", disse, evasivo, o vice-governador Geraldo Alckmin, um
dos coordenadores do programa
de desestatização.
Anteontem, já havia sido dado
por cancelado o leilão de 36,69%
das ações ordinárias da Empresa
Paulista de Transmissão de Energia. Nenhuma das empresa que
haviam se apresentado na fase de
pré-identificação depositou a garantia de 10% do preço mínimo.
Em função disso, governo já cogita a possibilidade de desistir da
venda. "Podemos ficar com a
transmissora inteira. Mas, se tiver
de ser vendida, a gente vai ter de
repensar o processo, que, tal como
está, já mostrou que não obtém
interessados", declarou Covas.
O dinheiro da privatização da
Metropolitana vai ser usado, maciçamente, para abater as dívidas
do Estado e somente 10% para investimentos sociais. "Aqui em São
Paulo, privatiza-se tudo para pagar dívidas das administrações
passadas, débitos do Maluf", ironizou o governador.
A Folha apurou que, nos últimos dias, vários integrantes do
governo tentaram fazer com que
Covas adiasse os leilões da Metropolitana e da Bandeirante já com
receio de que as companhias fossem arrematadas pelos preços mínimos.
"Não podemos recuar agora.
Não tem essa história, vamos privatizar", disse Covas. Aos amigos,
em tom de brincadeira, o governador tem sempre um argumento
para continuar com as privatizações. "É engraçado, sou taxado de
estatizante, mas chega na hora de
privatizar, fica esse pessoal mais
liberal querendo adiar e eu, não,
vou lá e privatizo".
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