São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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GOVERNO FHC
Presidente da Infraero é substituído
Militares deixarão setor da aviação civil

RUI NOGUEIRA
da Sucursal de Brasília

A desmilitarização da aviação civil vai começar com a implantação do Ministério da Defesa. Se o presidente Fernando Henrique Cardoso for reeleito, no pleito de outubro próximo, o novo ministério começa a ser implantado ainda no final deste ano -a privatização da Infraero vem em seguida.
Com a implantação do Ministério da Defesa, o DAC (Departamento de Aviação Civil) deixaria de ser um órgão da Aeronáutica e a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária) deixaria de ser uma estatal com a venda dos aeroportos.
Essa estratégia, que desagrada ao atual ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lôbo, começou a ser deflagrada ontem, com a troca de comando na Infraero. O major-brigadeiro Adyr Silva foi substituído pelo também major-brigadeiro Eduardo Bogalho Pettengill.
Adyr Silva era um aliado do ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) na definição de uma política que começasse a orientar a Infraero para a privatização dos aeroportos. O ministro Lélio Lôbo resiste a essa política e, por isso, foi a FHC pedir a demissão de Silva.
Lélio reuniu-se no dia anterior com o Alto Comando. A Folha apurou que a cúpula da Aeronáutica decidiu que o ministro deveria ir a FHC e pedir que Adyr Silva não fosse reconduzido à presidência da Infraero.
Quando o presidente esboçou resistência à idéia, o ministro usou dois argumentos: que já se comprometera com o Alto Comando a conseguir a saída de Adyr Silva e que, na história da Infraero, nenhum presidente tinha sido reconduzido ao cargo.
FHC aceitou a saída de Adyr Silva, mas avisou o ministro de que iria usá-lo em outra "importante função" no governo. A partir de hoje, Adyr Silva é, até, um dos nomes cotados para assumir o futuro Ministério da Defesa, se FHC for reeleito.
Ontem, o porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, elogiou a administração de Silva à frente da Infraero e acrescentou: "O presidente terá satisfação em aproveitá-lo em novo cargo tão logo surja oportunidade."
A partir da criação da pasta da Defesa, os atuais ministérios militares deixariam de existir e passariam a ter apenas comandantes de Força. Esses comandos cuidariam única e exclusivamente da segurança armada do país e, sem ministro da Aeronáutica para fazer oposição à idéia, o governo imporia a saída do DAC e da Infraero da Aeronáutica.



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