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GOVERNO FHC
Presidente da Infraero é substituído
Militares deixarão setor da aviação civil
RUI NOGUEIRA
da Sucursal de Brasília
A desmilitarização da aviação civil vai começar com a implantação
do Ministério da Defesa. Se o presidente Fernando Henrique Cardoso for reeleito, no pleito de outubro próximo, o novo ministério
começa a ser implantado ainda no
final deste ano -a privatização da
Infraero vem em seguida.
Com a implantação do Ministério da Defesa, o DAC (Departamento de Aviação Civil) deixaria
de ser um órgão da Aeronáutica e a
Infraero (Empresa Brasileira de
Infra-estrutura Aeroportuária)
deixaria de ser uma estatal com a
venda dos aeroportos.
Essa estratégia, que desagrada ao
atual ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lôbo, começou a ser deflagrada ontem, com a troca de comando na Infraero. O major-brigadeiro Adyr Silva foi substituído
pelo também major-brigadeiro
Eduardo Bogalho Pettengill.
Adyr Silva era um aliado do ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil)
na definição de uma política que
começasse a orientar a Infraero
para a privatização dos aeroportos. O ministro Lélio Lôbo resiste a
essa política e, por isso, foi a FHC
pedir a demissão de Silva.
Lélio reuniu-se no dia anterior
com o Alto Comando. A Folha
apurou que a cúpula da Aeronáutica decidiu que o ministro deveria
ir a FHC e pedir que Adyr Silva não
fosse reconduzido à presidência da
Infraero.
Quando o presidente esboçou
resistência à idéia, o ministro usou
dois argumentos: que já se comprometera com o Alto Comando a
conseguir a saída de Adyr Silva e
que, na história da Infraero, nenhum presidente tinha sido reconduzido ao cargo.
FHC aceitou a saída de Adyr Silva, mas avisou o ministro de que
iria usá-lo em outra "importante
função" no governo. A partir de
hoje, Adyr Silva é, até, um dos nomes cotados para assumir o futuro
Ministério da Defesa, se FHC for
reeleito.
Ontem, o porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral,
elogiou a administração de Silva à
frente da Infraero e acrescentou:
"O presidente terá satisfação em
aproveitá-lo em novo cargo tão logo surja oportunidade."
A partir da criação da pasta da
Defesa, os atuais ministérios militares deixariam de existir e passariam a ter apenas comandantes de
Força. Esses comandos cuidariam
única e exclusivamente da segurança armada do país e, sem ministro da Aeronáutica para fazer
oposição à idéia, o governo imporia a saída do DAC e da Infraero da
Aeronáutica.
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