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CONGRESSO
Em votação secreta, 277 deputados votam a favor da cassação de parlamentar, acusado de falta de decoro
Naya é cassado por margem de 20 votos
LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
A Câmara cassou ontem o mandato do deputado Sérgio Naya
(sem partido-MG) depois de dez
horas e meia de reunião. A votação
foi secreta. O placar registrou 277
votos a favor, 163 contrários, 21
abstenções e 10 votos brancos.
Naya teve o mandato cassado
por 20 votos a mais que o mínimo
necessário. "Foi a vontade do plenário, atendendo o clamor nacional. Evidentemente, esse fato ajuda a enaltecer a imagem da Câmara", afirmou o presidente da Casa,
Michel Temer (PMDB-SP).
"A Câmara fez justiça. Deu uma
resposta à sociedade, não se aliou
ao corporativismo nem à impunidade", disse o líder do PT, Marcelo Déda (SE). Com a cassação, Naya fica inelegível por oito anos.
O deputado cassado, dono da
construtora Sersan -que construiu o prédio Palace 2, no Rio-,
foi acusado de ferir o decoro parlamentar ao fazer afirmações de
prática de falsidade ideológica
(leia ao lado). A base para a acusação foi uma fita de vídeo -divulgada após o desabamento do Palace 2- com as declarações de Naya, gravada durante reunião com
vereadores na Câmara Municipal
de Três Pontas (MG).
Quórum
A votação, no entanto, só começou às 17h, quando Temer teve a
garantia de que havia mais de 450
deputados na Casa. O quórum alto
era importante para a cassação
porque havia necessidade de 257
votos para ela ser aprovada.
A primeira derrota de Naya ontem foi no STF (Supremo Tribunal
Federal). Pela manhã, o ministro
Ilmar Galvão negou o pedido de
suspensão da sessão apresentado
pelo seu advogado, que alegou
cerceamento de defesa e exigiu o
cumprimento da ordem cronológica dos pedidos de cassação.
Se o pedido fosse atendido, o julgamento de Naya só poderia acontecer depois de votados os processos de outros quatro deputados e
uma suplente.
Na sessão da Câmara, o deputado José Costa (PSD-AL), aliado de
Naya, tentou transformar o pedido de cassação em uma suspensão
de imunidade, para que o deputado fosse processado pela Justiça.
Apenas três deputados apoiaram
publicamente a proposta.
Durante o julgamento, Costa foi
o único deputado a defender Naya. Outros dez deputados falaram
a favor da cassação.
A cassação deu início aos julgamentos de processos de perda de
mandato de parlamentares por
falta de decoro. O julgamento de
Naya ocorreu em tempo recorde.
Todo o processo durou 43 dias.
A Câmara considerou que o parlamentar faltou com o decoro parlamentar, aprovando o parecer do
relator do processo, Marconi Perillo (PSDB-GO).
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