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PERSONALIDADE
Aos 95, último líder tenentista estava internado em Salvador
Aos 95, Juracy Magalhães morre na Bahia
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O último líder do movimento
tenentista na década de 20 morreu ontem em Salvador, aos 95
anos. Juracy Montenegro Magalhães estava internado havia cinco
dias no Hospital Português. De
acordo com o boletim médico, a
causa da morte de Juracy foi falência múltipla dos órgãos.
Dos anos 30 até o regime militar, Juracy Magalhães foi a principal personalidade política da Bahia e um dos mais importantes
homens públicos do país. Participou da Revolução de 1930 e do
Movimento Militar de 1964.
Governou a Bahia em duas ocasiões, presidiu a Companhia Vale
do Rio Doce e a Petrobras, foi senador, ministro da Justiça e das
Relações Exteriores. No final dos
anos 60, Juracy retirou-se da política e passou a participar da direção de empresas privadas.
Há cinco anos, seus parentes
trouxeram o ex-líder político do
Rio, onde morava, para Salvador.
Desde 1998, Juracy enfrentava dificuldades com sua saúde, bastante debilitada. Já não conseguia
coordenar bem suas idéias nem
expressava com clareza.
Seus filhos também seguiram a
carreira política: Juracy Magalhães Júnior foi deputado estadual
pela UDN até 1963, quando morreu; Jutahy Magalhães, que morreu em 2000, foi vice-governador
da Bahia, deputado estadual, deputado federal e senador. Juracy
era avô do atual líder do PSDB na
Câmara, Jutahy Júnior.
Responsável pelo lançamento
do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) na política, em
1954, Juracy rompeu politicamente com ACM quando este foi nomeado prefeito de Salvador, em
1967. Até hoje sua família é adversária do grupo político de ACM.
Na última quarta-feira, Juracy
reclamou de dores na cabeça e foi
aconselhado a se internar no hospital Português. Ontem, às 9h30, o
ex-governador morreu.
Juracy nasceu em Fortaleza
(CE), em agosto de 1905. Sentou
praça no 23º Batalhão de Caçadores, na capital cearense, em julho
de 1922. No ano seguinte, partiu
para o Rio, onde ingressou na Escola Militar do Realengo, da qual
saiu como aspirante-a-oficial da
cavalaria em janeiro de 1927.
Apoiou os movimentos tenentistas da década de 20. Durante a
Revolução de 1930, participou da
ocupação de Recife e de Salvador,
lutando ao lado das tropas revolucionárias. Por indicação de Juarez
Távora, Getúlio nomeou Juracy
interventor na Bahia. Tomou posse em 21 de setembro de 1931. Ficou no cargo até a instauração do
Estado Novo, quando renunciou
por discordar do golpe de Estado.
Eleito deputado constituinte em
1945 pela UDN, disputou o governo do Estado em 1950, mas foi
derrotado. No governo Vargas,
ocupou as presidências da Vale
do Rio Doce e da Petrobras. Eleito
senador pela UDN em 1954 e governador da Bahia em 1958, não
conseguiu ser indicado pelo partido para disputar a Presidência,
em 1960. Apoiou o Movimento de
1964, tendo sido ministro da Justiça e das Relações Exteriores.
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