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JUDICIÁRIO
Advogado-geral foi aceito por 16 votos contra 6; votação vai a plenário
Comissão do Senado aprova indicação de Mendes ao STF
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado-geral da União,
Gilmar Mendes, 46, teve a sua indicação para ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal)
aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, após
quase cinco horas de interrogatório sobre o seu estilo de atuação.
O seu nome foi aceito por 16 votos contra 6 e agora será submetido ao plenário, o que deve acontecer na próxima quarta-feira. Esta
foi a primeira indicação do presidente Fernando Henrique Cardoso para o STF que não contou
com os votos favoráveis da oposição em bloco, segundo o senador
José Eduardo Dutra (PT-SE). As
outras foram de Nelson Jobim,
em 1997, e Ellen Gracie Northfleet, em 2000.
O momento mais delicado da
sabatina foi quando Mendes se
emocionou ao falar sobre a sua
trajetória para responder a uma
pergunta do senador Jefferson Péres (PDT-AM) sobre a possibilidade de integrar a chamada "bancada governista do Supremo", referência irônica à ala que tradicionalmente vota a favor de programas de governo.
A voz embargou, o que o obrigou a parar de falar, no instante
em que ele fazia a seguinte afirmação: "Tenho pago um preço alto
justamente por ser independente,
por não me curvar a interesses
corporativos. Eu nunca conspurcaria uma biografia construída
com tanto esforço. Venho de longe, da Amazônia, de Diamantino
[cidade de 30 mil habitantes em
Mato Grosso"".
Conhecido pela ironia e pela
veemência com que defende as
suas teses, o advogado-geral procurou evitar polêmica.
Nos últimos dias, ele foi alvo de
ataques de vários "desafetos" que
adquiriu nos últimos anos, entre
procuradores e advogados. Durante a sessão, senadores da oposição, especialmente Dutra, fizeram várias indagações na tentativa de criar constrangimentos.
Dutra perguntou, por exemplo,
por que o governo incluiu em
uma medida provisória, em agosto de 2000, norma criando o foro
privilegiado do advogado-geral,
20 dias depois de o STF ter negado
esse direito a ele.
Mendes respondeu que o cargo
precisaria dessa proteção e defendeu a volta do foro privilegiado
para ex-presidentes da República
e ex-autoridades em geral no caso
de acusações criminais relacionadas à função pública.
Ele teve que dar explicações sobre o abuso de medidas provisórias, a expressão "manicômio judiciário", criada por ele, e a chamada Lei da Mordaça.
O presidente da CCJ, senador
Bernardo Cabral (PFL-AM), disse
que permitiu que a sessão, iniciada às 10h, se prolongasse até o início da tarde porque havia recebido muitas manifestações sobre a
indicação de Mendes, favoráveis e
contrárias.
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