São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Morre mulher trocada por embaixador na ditadura

Maria Augusta Ribeiro havia sofrido um acidente de carro

Divulgação
Guta (6ª da esq. para dir., de pé) e 12 homens do grupo de presos políticos trocados por Elbrick


DA SUCURSAL DO RIO

Única mulher, cercada por 12 homens, em uma foto célebre dos anos da ditadura militar (1964-85), a ouvidora-geral da Petrobras, Maria Augusta Carneiro Ribeiro, morreu ontem no Rio aos 62 anos.
Guta, como era conhecida, estava em estado grave de saúde desde 25 de abril, quando sofreu acidente de carro em Búzios (RJ). Ela morreu de falência múltipla dos órgãos. Deixa três filhos. Seu velório será hoje das 9h às 15h, no cemitério São João Batista.
Ela foi um dos 15 presos políticos banidos em troca da libertação do embaixador dos Estados Unidos Charles Burke Elbrick, sequestrado em setembro de 1969 por duas organizações guerrilheiras. Dois libertados não aparecem na fotografia feita no aeroporto do Galeão porque embarcaram depois no avião, rumo ao México.
Entre os participantes do sequestro estavam o hoje ministro Franklin Martins e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Junto com Guta, saíram 14 homens. O ex-ministro José Dirceu integrava o grupo.
Estudante de direito, Guta militava na Dissidência Comunista da Guanabara, que depois virou Movimento Revolucionário 8 de Outubro. Participou de ações armadas. Foi presa em maio de 1969 e torturada. Na volta do exílio, foi pioneira do PT. Marcou a vida se dedicando a ações sociais. Na Petrobras, ela coordenou o voluntariado.
"Desde menina, ela tem uma enorme fé no gênero humano", escreveu o jornalista Elio Gaspari em 2003. "Embora com armas diferentes, continuo fazendo a mesma coisa, lutando por um Brasil melhor", disse Guta à "Isto É" em 2005.


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