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REFORMA
Presidente, que fez a declaração sobre aposentados com menos de 50 anos, tenta diminuir estrago da frase
FHC se explica na TV sobre 'vagabundos'
da Sucursal de Brasília
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
fez ontem pronunciamento
em rede nacional de TV para
tentar reduzir os estragos em sua
imagem provocados pela afirmação de que são "vagabundos" os
que se aposentam antes dos 50
anos de idade.
"Não quero que uma palavra
mal compreendida traduza de forma equivocada o imenso respeito
que tenho por todos aqueles que
trabalham e pelos aposentados
que trabalharam uma vida inteira.
Pessoas que começam muito cedo,
aos 14, 15 anos, para ajudar suas
famílias", disse.
Segundo FHC, é "evidente" que
essas pessoas têm direito a uma
justa aposentadoria. "Não são esses trabalhadores e aposentados
que eu critico. O que eu critico, e
vou continuar criticando sempre,
são os privilégios. Pessoas que trabalham 20, 25 anos e se aposentam
ainda jovens e com salários altos",
afirmou.
O ataque às aposentadorias consideradas precoces foi feito na última segunda-feira, durante palestra no Rio de Janeiro.
"Fiz a reforma da Previdência
para que aqueles que se locupletam da Previdência não se locupletem mais, não se aposentem com
menos de 50 anos, não sejam vagabundos em um país de pobres e
miseráveis", afirmou, ao abrir o
10º Fórum Nacional, promovido
pelo Instituto Nacional de Altos
Estudos.
A declaração do presidente teve
péssima repercussão, mesmo entre os aliados do governo. Na terça-feira, os telefones do Palácio do
Planalto ficaram congestionados
com reclamações de pessoas que
se sentiram ofendidas.
No mesmo dia, FHC voltou a gerar descontentamentos ao tentar
se explicar: afirmou que os "vagabundos" a que havia se referido
eram os antigos "marajás".
"Ou seja, as pessoas que ganham bastante, têm vida boa e que
se aposentam para pegar outro
emprego", acrescentou.
Ao criticar as aposentadorias
precoces, o presidente acabou
dando munição para a oposição.
Entre os que se aposentaram com
menos de 50 anos estão aliados e
ex-integrantes do governo, como
o deputado e ex-ministro da Previdência Reinhold Stephanes
(PFL-PR) e o ex-secretário-geral
da Presidência Eduardo Jorge.
No pronunciamento de ontem,
FHC comemorou a aprovação de
"pontos essenciais"da reforma da
Previdência na Câmara, na sessão
da última quarta-feira.
"Faço questão de reafirmar,
mais uma vez, a contribuição fundamental dos deputados e senadores nessa luta para transformar o
Brasil em um país mais justo",
afirmou.
Ele também procurou tranquilizar os atuais aposentados, ressaltando que, no caso deles, os direitos adquiridos serão preservados.
"Nada vai acontecer com a sua
aposentadoria."
Segundo FHC, com a reforma da
Previdência e com "as outras"
que estão sendo feitas, "vai sobrar
mais dinheiro para gastar em saúde, educação e moradia".
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