São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003 |
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FOGO AMIGO Deputado petista diz que emendas do Congresso diminuirão "estragos" Para Greenhalgh, Lula errou com reforma da Previdência
RAFAEL CARIELLO DA REPORTAGEM LOCAL O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) criticou ontem a reforma da Previdência e disse que o governo Luiz Inácio Lula da Silva errou ao escolhê-la como sua prioridade inicial. "Acho que o governo errou. Esse assunto "reforma da Previdência" não estava na pauta. Não devíamos começar a discussão por esse que é um assunto espinhoso entre nós. O governo fez errado", disse Greenhalgh, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que aprovou no último dia 29 a constitucionalidade da proposta do governo. A afirmação foi feita ontem durante debate sobre a reforma, em São Paulo, organizado por deputados federais -o próprio Greenhalgh e Ivan Valente (SP)-, e estaduais paulistas do PT. O deputado culpou os governadores pelo "alçapão" em que, segundo ele, o governo se meteu. Tendo a possibilidade de fazer uma reforma "ampla e profunda", ele disse, "contando com o debate e discussão de todos os petistas", o governo foi apanhado na armadilha de "negociar com os governadores". Greenhalgh afirmou que a contribuição de inativos, por exemplo, interessava mais aos Estados. "Foi um apoio cruzado. Um apóia a reforma tributária. E a gente aprova a cobrança de inativos." Segundo ele, fechado o acordo, os governadores "deram uma banana" ao governo e não cumpriram o combinado, fazendo referência específica ao PMDB e ao PSDB: "Sumiram. O coitado do Lula ficou segurando a bandeira sozinho. E vai arcar com o ônus disso sozinho". Hostilizado por muitos dos presentes ao debate -militantes do PT e sindicalistas-, acusado de ter ajudado o governo a apressar a aprovação da reforma na CCJ, o deputado disse que apresentará emendas para "diminuir os estragos dessa reforma". "Não há a menor possibilidade de as reformas saírem do Parlamento do modo que chegaram", disse. Entre as mudanças, citou a elevação do piso para isenção de contribuição de inativos, criação de regra de transição e de incentivos para a permanência de servidores em atividade e mudança da idade mínima para se aposentar. Disse defender pessoalmente a elevação do piso de isenção para R$ 2.400. Greenhalgh afirmou que as mudanças são prováveis, e que, pelo fato de os governadores terem "abandonado o governo", o PT poderia "desrespeitar em tese" o acordo, elevando o piso federal e deixando que os Estados fixem um subteto de isenção. Platéia Após a apresentação das economistas Rosa Marques, da PUC-SP, e Laura Tavares Soares, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) -críticas à reforma do governo-, foi aberto o debate à platéia. Entre outros protestos contra Greenhalgh, o desempregado Alexander de Castro Costa, 28, disse: "Companheiro Greenhalgh, ou você é de esquerda, ou você é do Lula". Em sua resposta, o deputado citou o poeta Augusto dos Anjos (1884-1914), no poema "Versos Íntimos": "A mão que afaga é a mesma que apedreja". Ele disse que, se dependesse do governo, a tramitação na CCJ seria muito mais rápida. "O que o Palácio do Planalto queria era que a admissibilidade das reformas fosse feita em uma semana. O Planalto não queria audiências públicas. [...] Faço parte da CCJ há muitos anos. Nunca vi uma coisa dessas", afirmou. Ele culpou a "maneira equivocada de fazer o debate" dos radicais do partido pelo fato de a reforma não ter sido mais bem discutida pela bancada. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Deputado diz que Furlan e Rodrigues querem "continuação piorada" de FHC Índice |
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