São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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Ministro compara crise política a golpe de 1964

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que a gestão Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta a sua maior crise política, ministros do PT afirmaram ontem que o país vive um clima de "agitação política" e "apreensão". Até referências à conjuntura às vésperas do golpe militar de 1964 foram feitas por petistas.
Ricardo Berzoini, ministro do Trabalho, por exemplo, disse que o governo precisa dar um "bom exemplo", com demissão e afastamento, caso necessário.
Para Berzoini, o depoimento de Roberto Jefferson (PTB-RJ), anteontem, ao Conselho de Ética da Câmara, criou um clima de "apreensão" no governo. "Um depoimento como esse cria um clima de apreensão."
"Eu vivi alguns instantes em governos que pretendiam mudar a natureza das coisas para atender uma sociedade mais decente e mais justa, vi tombarem as regras, as normas e a vida da democracia", afirmou Waldir Pires (Controladoria Geral da União), que foi amigo do presidente João Goulart (1961-64), deposto pelos militares em 1964. Sobre se aludia ao governo de Jango, disse: "Desde antes do golpe. Está se pretendendo estabelecer um clima que é absolutamente inconveniente".
As declarações dos ministros, um dia depois de o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ter reafirmado suas denúncias sobre o "mensalão", ocorreram pouco antes de o presidente anunciar a chamada "MP do Bem" -medida que pretende desonerar investimentos em produção.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ver um clima de "agitação política": "O que temos hoje é uma agitação política. [...] O que o Roberto Jefferson está falando é muito grave, e existem instâncias de apuração, como a CPI e a Polícia Federal".
Para Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), as denúncias contra o governo federal e o PT criam, por sua gravidade, uma "instabilidade" nacional.
"São denúncias graves. Evidente que a nossa expectativa é de que essas denúncias sejam acompanhadas de comprovações que permitam todo o esclarecimento de fatos, que são graves."
Ao deixar o gabinete de Lula, Tarso Genro (Educação) disse que Lula deseja esclarecer tudo. "A mim não assusta o que está acontecendo. Acho que é bom que aconteça. Quando o país toma consciência de problemas dessa natureza e os ataca, mais cedo eles serão resolvidos." (EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)


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