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Ministro compara crise política a golpe de 1964
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que a gestão
Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta
a sua maior crise política, ministros do PT afirmaram ontem que
o país vive um clima de "agitação
política" e "apreensão". Até referências à conjuntura às vésperas
do golpe militar de 1964 foram feitas por petistas.
Ricardo Berzoini, ministro do
Trabalho, por exemplo, disse que
o governo precisa dar um "bom
exemplo", com demissão e afastamento, caso necessário.
Para Berzoini, o depoimento de
Roberto Jefferson (PTB-RJ), anteontem, ao Conselho de Ética da
Câmara, criou um clima de
"apreensão" no governo. "Um
depoimento como esse cria um
clima de apreensão."
"Eu vivi alguns instantes em governos que pretendiam mudar a
natureza das coisas para atender
uma sociedade mais decente e
mais justa, vi tombarem as regras,
as normas e a vida da democracia", afirmou Waldir Pires (Controladoria Geral da União), que
foi amigo do presidente João
Goulart (1961-64), deposto pelos
militares em 1964. Sobre se aludia
ao governo de Jango, disse: "Desde antes do golpe. Está se pretendendo estabelecer um clima que é
absolutamente inconveniente".
As declarações dos ministros,
um dia depois de o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ter reafirmado suas denúncias sobre o
"mensalão", ocorreram pouco
antes de o presidente anunciar a
chamada "MP do Bem" -medida que pretende desonerar investimentos em produção.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ver um clima de "agitação política": "O que
temos hoje é uma agitação política. [...] O que o Roberto Jefferson
está falando é muito grave, e existem instâncias de apuração, como
a CPI e a Polícia Federal".
Para Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), as denúncias contra o governo federal e o
PT criam, por sua gravidade, uma
"instabilidade" nacional.
"São denúncias graves. Evidente que a nossa expectativa é de que
essas denúncias sejam acompanhadas de comprovações que
permitam todo o esclarecimento
de fatos, que são graves."
Ao deixar o gabinete de Lula,
Tarso Genro (Educação) disse
que Lula deseja esclarecer tudo.
"A mim não assusta o que está
acontecendo. Acho que é bom
que aconteça. Quando o país toma consciência de problemas
dessa natureza e os ataca, mais cedo eles serão resolvidos."
(EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)
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