São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Campanha indenizatória

De janeiro a maio, os 135 deputados federais que planejam disputar uma cadeira de prefeito usaram pelo menos R$ 2,5 milhões de sua verba indenizatória de R$ 8,5 milhões para "divulgar o mandato", "fazer pesquisas" ou "contratar consultorias". São rubricas nas quais a Câmara reembolsa o parlamentar mediante nota fiscal, mas que, especialmente em tempos de campanha, podem embutir outras destinações.
Nesse tipo de gasto, a Câmara arcou em média com R$ 18,9 mil para cada pré-candidato. Cada deputado tem direito a R$ 15 mil mensais. O restante da verba foi usado para custear despesas dos escritórios políticos nos Estados ou bancar gasolina e locomoção.

Dobrada. O folder distribuído aos convencionais do DEM-SP, anteontem, trazia fotos de José Serra e Gilberto Kassab acompanhadas do slogan: "Parceria aprovada".

Discreto. O secretário de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo, foi até a casa de Kassab no sábado, dia do anúncio da candidatura, mas não integrou a comitiva que levou o prefeito até a Assembléia Legislativa, onde foi realizada a convenção do DEM.

Marrento. O PC do B reclama do PT, mas também dá trabalho para fazer alianças. Mesmo depois de anunciado o apoio dos petistas a Renildo Calheiros em Olinda, o partido insiste na candidatura do vice-prefeito Luciano Siqueira em Recife, a despeito da ampla coligação fechada em torno de João da Costa.

Fratura. Luciano Castro, líder do governista PR na Câmara Federal, disputará a Prefeitura de Boa Vista (RR) amparado por uma aliança com os oposicionistas PSDB e DEM. Do outro lado, o prefeito Iradilson Sampaio (PTB) terá o apoio do líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá.

A casa 1. A turbulência política no Rio Grande do Sul ameaça ressuscitar o caso da casa comprada por Yeda Crusius logo depois da eleição de 2006. O valor do imóvel (R$ 750 mil à época) é superior ao total do patrimônio declarado pela governadora à Justiça Eleitoral (R$ 674,4 mil).

A casa 2. Outras questões a pairar sobre o negócio: o ex-proprietário responde a 56 processos judiciais, e um dos apartamentos que Yeda declarou ter vendido para comprar o imóvel estava indisponível devido a penhora.

Sem apetite. Em privado, senadores do DEM apontam o dedo para colegas tucanos que estariam muito bem atendidos por obras do PAC em seus redutos eleitorais, daí a indisposição para investigar. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), é um dos que não querem CPI para apurar as denúncias de Denise Abreu sobre a venda da Varig.

Sem palavras. Embora tarimbado na matéria, o presidente do PMDB, Michel Temer, tem se esquivado da polêmica sobre a constitucionalidade da criação da CSS por meio de lei complementar. "Toda vez que alguém pergunta ele fica vermelho, mas não diz nada", diz um colega.

Delongas. Se na votação da CPMF coube à oposição, capitaneada pela relatora Kátia Abreu (DEM-TO), usar todas as armas para protelar a votação no Senado, agora é o governo que vai empurrar com a barriga. O líder Romero Jucá (RR) acha "imprescindível" convocar o ministro José Gomes Temporão para uma audiência pública sobre o financiamento da saúde.

Espaço a ocupar. Associações de magistrados estaduais defendem uma emenda constitucional para ampliar sua representação no Conselho Nacional de Justiça. Antes da reforma do Judiciário, a idéia de criação do CNJ era duramente criticada pelos tribunais em vários Estados.

Tiroteio

"O governo continua dizendo que a Amazônia é nossa, mas quem está definindo o avanço sobre a floresta é o mercado internacional de commodities". Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV-RJ) sobre a revelação de que a Amazônia Legal já responde por quase 40% da produção de carne e soja do país.

Contraponto

Livre para protestar

Garibaldi Alves (PMDB-RN) discursava, na terça-feira passada, na abertura de evento no Congresso Nacional para marcar os 20 anos da Constituição. Autoridades dos três Poderes estavam presentes, e o presidente do Senado decidiu retomar a cruzada contra a excessiva edição de medidas provisórias pelo Executivo.
A dada altura de seu duro discurso, Garibaldi resolveu comentar a presença do vice-presidente da República, que estava ali representando Lula. Diante dos olhares tensos da platéia, suspirou aliviado:
-Ufa! Ainda bem que veio o Zé Alencar! Assim vou tomar uma bronca mais leve...


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