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Indígena de 12 anos é morta por outras duas jovens em MS
Segundo a Polícia Civil, índias de 14 e 15 anos atacaram garota a golpes de facão e confessaram o crime, ocorrido em aldeia
Corpo foi encontrado com cortes no pescoço e fratura no crânio; agressoras teriam agido sob efeito de álcool, após um desentendimento
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma índia de 12 anos foi atacada e morta a golpes de facão
por duas outras índias de 14 e 15
anos, segundo a Polícia Civil. O
crime ocorreu na madrugada
de ontem, durante um baile na
aldeia Limão Verde, das etnias
guarani e caiuá, em Amambai
(382 km de Campo Grande).
De acordo com a polícia, as
adolescentes confessaram o
crime e estão apreendidas na
delegacia na cidade, à espera de
uma decisão da Justiça. A vítima, Lívia Martins, foi encontrada nua, com vários cortes no
pescoço, fratura no crânio e a
mão direita quase decepada.
As agressoras afirmaram, segundo a polícia, que o ataque foi
motivado por um desentendimento ocorrido no baile. Disseram que agiram sob efeito de álcool e que, por isso, não se lembravam de detalhes do crime.
Um morador da aldeia disse
ter ouvido gritos por socorro,
mas teve medo de intervir.
Um agente da Polícia Civil,
que pediu para não ser identificado, disse que, neste ano,
atendeu a cinco casos de homicídio e a três suicídios na Limão
Verde. "Quase toda semana
ocorre algum problema mais
sério. O consumo de bebidas alcoólicas é muito alto." O agente
se disse "impressionado" com o
comportamento das garotas ao
relatar o crime. "Estavam rindo, tranqüilas, com se tivessem
matado um cachorro."
Em 2007, segundo dados da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde), o número de assassinatos de índios em Mato Grosso
do Sul cresceu 214% em relação
a 2006 -de 14 para 44 mortes.
Os suicídios subiram de 40 para
42 casos, um aumento de 5%.
Um terço dos homicídios e
todos os suicídios ocorreram
em áreas das etnias guarani e
caiuá. A maior parte -a Funasa
estima um percentual superior
a 90%- ocorreu dentro das
próprias aldeias e foi motivada
por brigas entre os índios.
Só no sul do Estado, são 40
mil índios, distribuídos por 30
mil hectares. Em Dourados, 13
mil índios ocupam pouco mais
de 3.500 hectares. Confinados,
eles têm se valido de cestas básicas do governo. A desnutrição
infantil foi a causa da morte de
quase 50 crianças da etnias
guarani e caiuá desde 2005.
A superintendência da Funai
(Fundação Nacional do Índio)
no Estado informou que os episódios de violência têm estreita
relação com o agravamento das
tensões e conflitos por terra.
O Centro de Direitos Humanos Marçal de Aquino disse que
enviará uma equipe de advogados para acompanhar o caso.
Segundo o presidente na entidade, Paulo Ângelo de Souza, as
adolescentes que confessaram
o crime estão sujeitas às mesmas sanções previstas no ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). "É preciso lembrar
que, da mesma forma, elas também têm os direitos previstos
no ECA, como o de cumprir
eventuais sanções em estabelecimento próprio para crianças
e adolescentes."
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