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BASTIDORES
Aliados vêem "desorganização" na campanha tucana, ameaçada pela volta do fantasma da falta de unidade
Cúpula do PMDB cobra de Serra "correção de rumo"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PMDB, partido que se aliou a
José Serra, vai cobrar da campanha presidencial tucana uma correção de rumos do que considera
improviso, desorganização e falta
de estrutura.
"Estou indo a Brasília amanhã
[hoje" para procurar o comando
da campanha do Serra e o próprio
candidato porque o PMDB acredita que é preciso que os rumos
sejam corrigidos", diz Geddel
Vieira Lima (BA), líder peemedebista na Câmara e um dos principais aliados do tucano no partido.
Além das queixas do PMDB,
outros dois problemas imediatos
contribuem para gerar uma nova
crise na campanha de Serra.
O primeiro: a volta do fantasma
da falta de unidade interna no
PSDB em torno do candidato ao
Planalto, porque setores expressivos do partido têm pelo menos
um pacto de não-agressão com
Ciro Gomes (PPS), que empatou
tecnicamente com Serra nas últimas pesquisas.
O segundo problema é o acúmulo de dívidas com fornecedores de serviços e materiais eleitorais, porque a arrecadação não
acompanha o ritmo de gastos. Há
candidatos tucanos nos Estados
que não conseguiram um adesivo
de carro. Em vários Estados, outros candidatos a presidente já
têm outdoors. Menos Serra.
PMDB reclama
Segundo Geddel, que vocaliza
um sentimento do núcleo peemedebista que lutou internamente
para apoiar o tucano, a campanha
está sendo feita com "improviso"
e "descoordenação".
O líder do PMDB na Câmara resolveu pedir a reunião com Serra
e o comando tucano depois de
consultar outros dirigentes, a fim
de trazer uma posição partidária.
"Queremos dar sugestões e fazer
críticas construtivas", afirma.
Como exemplo de improviso e
descoordenação, Geddel cita ter
sido avisado às 17h da última sexta-feira de que Serra iria à Bahia
no dia seguinte.
"Já tinha outros compromissos
e não pude acompanhar o Serra.
A campanha precisa preparar
melhor esses tipos de evento para
que votos sejam conquistados
efetivamente. Assim não dá", afirma o peemedebista.
A Folha apurou que, a exemplo
de outros Estados, seções regionais do PSDB e do PMDB não têm
recebido recursos supostamente
prometidos pelo comando serrista para a organização de atos de
campanha.
Reservadamente, outros caciques do PMDB disparam contra o
que chamam de ambiguidade de
candidatos tucanos a governos estaduais e ao Senado. Para os peemedebistas, Serra precisa cobrar
maior fidelidade dos tucanos, especialmente dos que têm alianças
regionais com Ciro.
Aécio Neves, que postula o governo de Minas; Tasso Jereissaiti,
candidato ao Senado no Ceará, e
Marconi Perillo, governador que
disputa a reeleição em Goiás, são
apontados como tucanos que alimentam a onda Ciro.
O candidato do PPS cresceu nas
pesquisas. No último Datafolha,
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderou com 38%. Serra teve 20%.
Ciro marcou 18%. E Anthony Garotinho (PSB), 13%.
Para o PMDB, as boas relações
de Ciro com alguns setores do
PSDB, ainda que minoritários,
podem transmitir a idéia de que
Serra será abandonado pelo partido e de que o candidato do PPS
será o anti-Lula da vez.
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