São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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JANIO DE FREITAS

Dinheiro paco

A mais recente decisão do ministro Nelson Jobim, em sua já tão criticada presidência do Tribunal Superior Eleitoral, cria o maior dos estímulos para as doações ilegais às campanhas para presidente, aquelas que vão para o caixa secreto e, entre outras destinações omitidas à Justiça Eleitoral, são em grande parte divididas pelos candidatos e uns poucos companheiros.
Só pode ser louvado o propósito de expor, pela internet, os cem maiores doadores declarados em cada uma das campanhas, uma vez apresentadas as respectivas contabilidades ao TSE. É um modo de tornar menos obscuras, para um público maior, as finanças das campanhas. Mas a decisão de divulgar o propósito agora, quando as doações estão em curso, estimula a preferência dos grandes doadores por esconder-se no anonimato, por proteger-se na obscuridade do caixa secreto.
O financiamento de campanhas no Brasil é um caso sério. Presta-se até a ações típicas de vigaristas. Os doadores não têm noção do já coletado por um candidato, e isso permite o golpe: a coleta continua, a pretexto de necessidades prementes, muito além do necessário à campanha. Já houve mesmo o caso de candidato que, tendo assegurado o financiamento da campanha pelo suplente ou pelos interesses que defenderá, ainda assim lançou arrecadadores e faturou à vontade.
Na medida do TSE, a transparência precipitada da decisão aumenta a opacidade das finanças eleitorais.

Sinais
As informações preliminares sobre as pesquisas que estão por sair, a partir de hoje, vão muito além de corresponder às previsões generalizadas. A esperada definição do segundo lugar com Ciro Gomes, diluindo o empate técnico constatado na semana passada, já se apresentaria como vantagem de vários pontos sobre José Serra. Em uma das pesquisas, segundo as informações dadas a conhecido integrante de uma das campanhas, no final da tarde ontem, a vantagem estaria acima de cinco pontos, faltando pouco a computar.
No PFL do Rio, que se juntou ao PMDB e ao PSDB para as eleições de governador e de presidente, surgem sinais de reconsideração. Impulsionados, inclusive, por pesquisas do próprio partido.
As pesquisas anteriores puseram em discussão, entre políticos aderentes de José Serra, o potencial do seu candidato para reagir à investida de Ciro Gomes. Se houve conclusão otimista, não se sabe. Mas os sinais emitidos também desses partidos, como do PFL, sugerem que José Serra volta a uma situação crucial em seu próprio território político. Ou se impõe agora aos seus partidários oficiais, ou se põe sob o risco de dificuldades ainda maiores.



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