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JANIO DE FREITAS
Dinheiro paco
A mais recente decisão do
ministro Nelson Jobim, em
sua já tão criticada presidência
do Tribunal Superior Eleitoral,
cria o maior dos estímulos para
as doações ilegais às campanhas
para presidente, aquelas que
vão para o caixa secreto e, entre
outras destinações omitidas à
Justiça Eleitoral, são em grande
parte divididas pelos candidatos
e uns poucos companheiros.
Só pode ser louvado o propósito de expor, pela internet, os cem
maiores doadores declarados
em cada uma das campanhas,
uma vez apresentadas as respectivas contabilidades ao TSE. É
um modo de tornar menos obscuras, para um público maior,
as finanças das campanhas.
Mas a decisão de divulgar o propósito agora, quando as doações
estão em curso, estimula a preferência dos grandes doadores por
esconder-se no anonimato, por
proteger-se na obscuridade do
caixa secreto.
O financiamento de campanhas no Brasil é um caso sério.
Presta-se até a ações típicas de
vigaristas. Os doadores não têm
noção do já coletado por um
candidato, e isso permite o golpe: a coleta continua, a pretexto
de necessidades prementes,
muito além do necessário à
campanha. Já houve mesmo o
caso de candidato que, tendo assegurado o financiamento da
campanha pelo suplente ou pelos interesses que defenderá,
ainda assim lançou arrecadadores e faturou à vontade.
Na medida do TSE, a transparência precipitada da decisão
aumenta a opacidade das finanças eleitorais.
Sinais
As informações preliminares
sobre as pesquisas que estão por
sair, a partir de hoje, vão muito
além de corresponder às previsões generalizadas. A esperada
definição do segundo lugar com
Ciro Gomes, diluindo o empate
técnico constatado na semana
passada, já se apresentaria como vantagem de vários pontos
sobre José Serra. Em uma das
pesquisas, segundo as informações dadas a conhecido integrante de uma das campanhas,
no final da tarde ontem, a vantagem estaria acima de cinco
pontos, faltando pouco a computar.
No PFL do Rio, que se juntou
ao PMDB e ao PSDB para as
eleições de governador e de presidente, surgem sinais de reconsideração. Impulsionados, inclusive, por pesquisas do próprio
partido.
As pesquisas anteriores puseram em discussão, entre políticos aderentes de José Serra, o potencial do seu candidato para
reagir à investida de Ciro Gomes. Se houve conclusão otimista, não se sabe. Mas os sinais
emitidos também desses partidos, como do PFL, sugerem que
José Serra volta a uma situação
crucial em seu próprio território
político. Ou se impõe agora aos
seus partidários oficiais, ou se
põe sob o risco de dificuldades
ainda maiores.
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