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REFORMA NO AR
Reunião com governadores não define texto final da Previdência
Planalto inclui aposentadoria integral na proposta a Estados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO A BRASÍLIA
Após diversas oscilações, recuos
e falta de definições na reforma da
Previdência, na última semana, o
governo acabou apresentando
aos cinco governadores -em
reunião ontem de três horas e
meia no Planalto- uma proposta
que mantém a integralidade das
aposentadorias para os atuais servidores públicos desde que respeitadas quatro condições.
No encontro, não houve definição sobre outro item da proposta
original do Executivo, também
defendida pelos governadores: o
fim da paridade de reajustes entre
salários da ativa e valor da aposentadoria. Para os futuros servidores, deverá ser mantido o projeto original do governo: fim da
integralidade e da paridade.
Segundo o ministro Ricardo
Berzoini (Previdência), que esteve
na reunião, a paridade para atuais
servidores é uma possibilidade
que ainda será discutida.
O que ficou claro no encontro é
que a integralidade (salário integral na aposentadoria), desde que
respeitadas algumas condições e
somente aos atuais servidores, foi
um ponto de "entendimento" e a
paridade (aumentos para servidores da ativa valem para os aposentados) continua sendo uma
matéria "controversa".
Para ter direito à aposentadoria
equivalente ao último salário em
atividade, o servidor precisará ter,
segundo Berzoini apresentou ontem: 20 anos na carreira em que se
aposentar, 25 anos de serviço público, 60 anos de idade (homem) e
55 anos (mulher) e 35 anos de
contribuição (homem) e 30 anos
(mulher).
Cálculos feitos pelo Ministério
da Previdência, de acordo com o
ministro, mostram que o governo
federal perderá, em 20 anos, R$
1,7 bilhão da economia que teria
com a reforma original. Ou seja,
em vez de economizar R$ 52,4 bilhões no período, terá um ganho
fiscal de R$ 50,7 bilhões.
A proposta ainda prevê que as
futuras pensões serão preservadas de qualquer desconto até R$
2.400. Acima desse valor, será
aplicado um redutor de 50%. "A
intenção é preservar as pensões
de menor valor", disse Berzoini.
O ministro enfatizou que esse
valor pode ser muito alto para os
Estados, pois a maioria dos servidores estaduais ganha até R$
2.400. "Portanto, não há compromisso prévio com relação a esse
valor. Os governadores podem
trazer novas sugestões."
Representando as cinco regiões
do país, participaram da reunião
os governadores Aécio Neves
(PSDB-MG), Germano Rigotto
(PMDB-RS), Marconi Perillo
(PSDB-GO), Wilma de Faria
(PSB-RN) e Eduardo Braga (PPS-AM). Também estavam presentes
os ministros Berzoini e Luiz Guhiken (Comunicação de Governo) e
o secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy.
Do Congresso, participaram os
líderes governistas Aldo Rebello
(PC do B-SP) e Amir Lando
(PMDN-RO), o relator da reforma, o deputado José Pimentel
(PT-CE), o líder do PTB na Câmara, deputado Roberto Jefferson
(RJ), e o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
Ao sair do encontro, Pimentel
disse que seu relatório já estava
pronto e que o prazo de um dia
servirá para que os governadores
apresentem uma "posição clara".
Questionado se outras mudanças
ainda eram possíveis, disse apenas que o relatório já levou em
conta "tratativas com os líderes da
oposição e da situação".
Para Rebello, a sinalização de
Perillo e Braga de que a proposta
não fere o projeto original acordado com os governadores deverá
ser acompanhada pelos demais.
"A proposta [atual], nos primeiros 12 a 13 anos, é muito mais vantajosa para os Estados do que a
PEC 40. Mas em 20 anos, ela se
equilibraria", disse Pimentel. Segundo ele, os governadores pediram para que o cálculo do impacto das mudanças nos Estados, entregue na reunião, não fosse divulgado.
(JULIANNA SOFIA, LEILA SUWWAN, JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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