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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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Aécio vê "erro" e teme texto "brando"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), apontou um "erro de procedimento" do governo, ao fazer concessões sem consultar os governadores, e disse que a reforma da Previdência não pode ser "branda demais".
Aécio informou que "o próprio presidente ficou incomodado com esse descuido do procedimento nos últimos dias".
"Se nós ficarmos permanentemente à mercê de pressões, estaremos perdendo uma oportunidade histórica de dar ao Brasil uma Previdência estável", disse.
"Nós não podemos permitir que a essência da reforma da Previdência venha a se perder", acrescentou o governador.
Segundo Aécio, a reunião de ontem com o governo federal deveria ter ocorrido há uma semana. "O governo federal deveria ter consultado antes os seus parceiros na negociação. Estamos recebendo agora, pela primeira vez, as propostas que antes eram apenas notícias de entendimentos que não nos incluíam."
O governador afirmou que a reunião foi produtiva porque restabeleceu o clima de confiança entre os governadores e o governo federal, o que considera importante, já que a tramitação da emenda ainda está no início. "Lá em Minas a gente aprende que concessão não se faz na largada."
Aécio ressaltou que, na reunião, buscou-se restituir a parceria. "Temos que buscar fazer as concessões juntos, no limite do suportável para todos."

Atrito
Durante a entrevista coletiva que os participantes da reunião concederam para anunciar o resultado do encontro, um atrito entre os governadores do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), demonstrou que há divergências entre os próprios governadores.
Wilma disse que as propostas do governo não feriam a essência da reforma da Previdência, ao que Perillo emendou: "Essa é a opinião pessoal da governadora".
Apesar de estar afinado com o presidente Lula, o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), demonstrou preocupação com as mudanças na proposta após o recuo do Planalto, semana passada.
"Conceder benefícios fiscais sem ter receita para fazer frente a esses benefícios é fazer com que os direitos adquiridos virem direitos fictícios", disse. O amazonense negou que os governadores tenham pedido benefícios na reforma tributária em troca do apoio ao recuo na Previdência.
"Nós não discutimos a reforma tributária, não havia interlocutor para discutir a tributária. Além disso, não se pode confundir receita tributária com receita previdenciária. As história prova para nós que o crescimento dos benefícios previdenciários é geométrico, enquanto o crescimento da receita tributária é aritmético."
(WILSON SILVEIRA E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)


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