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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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BALANÇO TUCANO

Documento do partido avalia os 6 meses do governo; para Mercadante, FHC é o responsável pelas "dificuldades"

Gestão Lula é confusa e fisiológica, diz PSDB

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB divulgou ontem um documento em que faz duras críticas aos seis meses de governo Lula, cuja gestão foi classificada como "incoerente", "confusa", "fisiológica" e "incompetente".
O texto de sete páginas, intitulado "Seis Meses do "Jeito Petista de Governar'", vai além e diz ainda que não há "massa crítica" no governo, que usaria duas agendas: uma "nacional-estatista interditada" e outra "neoliberal tardiamente reabilitada".
O PSDB diz que o PT navega com "mapas emprestados" e pergunta onde estava o partido e a intelectualidade de esquerda nos últimos 20 anos: "Só a absoluta falta de alternativa explica a aproximação tardia do governo do PT ao consenso de Washington quando o mundo inteiro, até Washington, já o dá por superado".
Para "consertar o estrago causado na credibilidade do Brasil pela retórica incendiária do próprio PT", o governo é acusado de aplicar uma receita "ultra-ortodoxa", que teria deprimido "violentamente" a renda dos brasileiros.
O teor do texto acaba com qualquer possibilidade de trégua entre petistas e tucanos, que buscam ocupar o papel de principal oposição ao governo. Vem também ao encontro das recentes críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à gestão petista.
Participaram da avaliação nomes ligados a FHC e ao ex-ministro José Serra. O coordenador do texto foi Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência no governo FHC, que contou com a ajuda de Teodomiro Braga, autor de uma biografia do ex-ministro. A parte econômica ficou com o economista José Roberto Afonso, assessor parlamentar do PSDB que trabalhou na campanha de Serra.
"O que se vê não é continuidade e sim excesso da dosagem dos juros. Ele estão pagando pelo custo Lula, o custo da incerteza que geraram no mercado", disse Afonso. Para o presidente do PSDB, José Aníbal, o PT incrementou a ortodoxia da política macroeconômica porque acreditou que isso, associado às reformas, faria o país voltar a crescer. "Agora perceberam que não é assim. O resultado prático é que vivemos um momento de falta de perspectivas."
O Palácio do Planalto não se manifestou sobre as críticas até o fechamento desta edição. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, afirmou que há, de fato, dificuldades, mas todas "têm responsável". "O responsável foi o presidente Fernando Henrique Cardoso e seus aliados", disse.
"Todo o povo brasileiro viveu, acompanhou e avaliou nas últimas eleições os oito anos do governo FHC", rebateu Mercadante.
Os tucanos afirmam que, sem "direção intelectual e moral", o projeto de hegemonia do PT "apela" para o loteamento da máquina estatal. Dizem que, para acomodar a "voracidade" dos petistas por cargos, houve multiplicação de ministérios. O ministro José Dirceu (Casa Civil), responsável pelas indicações, afirmam os tucanos, realizou essa tarefa com a ajuda do secretário de Organização do PT, Sílvio Pereira.
Além de chamar o Fome Zero de "fiasco", o documento afirma que é "lerda" a inovação dos programas sociais, mas que há "agilidade para manipular eleitoralmente a assistência à pobreza".
Ressalta que conquistas divulgadas pelo governo, como a safra agrícola e a ampliação do comércio exterior, são frutos da gestão tucana. O BNDES, diz o texto, vive em ritmo de "retrocesso", e as políticas para a ciência e a tecnologia são uma "mistura de concepções caducas e politiquices".
O texto diz que há cumplicidade com as invasões dos sem-terra, uma vez que quadros do MST ocupam a área de reforma agrária do governo, e que ministros, com estímulo do presidente, investem contra as agências reguladoras.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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