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BALANÇO TUCANO
Documento do partido avalia os 6 meses do governo; para Mercadante, FHC é o responsável pelas "dificuldades"
Gestão Lula é confusa e fisiológica, diz PSDB
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSDB divulgou ontem um
documento em que faz duras críticas aos seis meses de governo
Lula, cuja gestão foi classificada
como "incoerente", "confusa",
"fisiológica" e "incompetente".
O texto de sete páginas, intitulado "Seis Meses do "Jeito Petista de
Governar'", vai além e diz ainda
que não há "massa crítica" no governo, que usaria duas agendas:
uma "nacional-estatista interditada" e outra "neoliberal tardiamente reabilitada".
O PSDB diz que o PT navega
com "mapas emprestados" e pergunta onde estava o partido e a intelectualidade de esquerda nos últimos 20 anos: "Só a absoluta falta
de alternativa explica a aproximação tardia do governo do PT ao
consenso de Washington quando
o mundo inteiro, até Washington,
já o dá por superado".
Para "consertar o estrago causado na credibilidade do Brasil pela
retórica incendiária do próprio
PT", o governo é acusado de aplicar uma receita "ultra-ortodoxa",
que teria deprimido "violentamente" a renda dos brasileiros.
O teor do texto acaba com qualquer possibilidade de trégua entre
petistas e tucanos, que buscam
ocupar o papel de principal oposição ao governo. Vem também ao
encontro das recentes críticas do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à gestão petista.
Participaram da avaliação nomes ligados a FHC e ao ex-ministro José Serra. O coordenador do
texto foi Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência no governo FHC, que contou com a ajuda
de Teodomiro Braga, autor de
uma biografia do ex-ministro. A
parte econômica ficou com o economista José Roberto Afonso, assessor parlamentar do PSDB que
trabalhou na campanha de Serra.
"O que se vê não é continuidade
e sim excesso da dosagem dos juros. Ele estão pagando pelo custo
Lula, o custo da incerteza que geraram no mercado", disse Afonso. Para o presidente do PSDB, José Aníbal, o PT incrementou a ortodoxia da política macroeconômica porque acreditou que isso,
associado às reformas, faria o país
voltar a crescer. "Agora perceberam que não é assim. O resultado
prático é que vivemos um momento de falta de perspectivas."
O Palácio do Planalto não se
manifestou sobre as críticas até o
fechamento desta edição. O líder
do PT no Senado, Aloizio Mercadante, afirmou que há, de fato, dificuldades, mas todas "têm responsável". "O responsável foi o
presidente Fernando Henrique
Cardoso e seus aliados", disse.
"Todo o povo brasileiro viveu,
acompanhou e avaliou nas últimas eleições os oito anos do governo FHC", rebateu Mercadante.
Os tucanos afirmam que, sem
"direção intelectual e moral", o
projeto de hegemonia do PT
"apela" para o loteamento da máquina estatal. Dizem que, para
acomodar a "voracidade" dos petistas por cargos, houve multiplicação de ministérios. O ministro
José Dirceu (Casa Civil), responsável pelas indicações, afirmam os
tucanos, realizou essa tarefa com
a ajuda do secretário de Organização do PT, Sílvio Pereira.
Além de chamar o Fome Zero
de "fiasco", o documento afirma
que é "lerda" a inovação dos programas sociais, mas que há "agilidade para manipular eleitoralmente a assistência à pobreza".
Ressalta que conquistas divulgadas pelo governo, como a safra
agrícola e a ampliação do comércio exterior, são frutos da gestão
tucana. O BNDES, diz o texto, vive
em ritmo de "retrocesso", e as políticas para a ciência e a tecnologia
são uma "mistura de concepções
caducas e politiquices".
O texto diz que há cumplicidade
com as invasões dos sem-terra,
uma vez que quadros do MST
ocupam a área de reforma agrária
do governo, e que ministros, com
estímulo do presidente, investem
contra as agências reguladoras.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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