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RANKING DAS NAÇÕES
Especialista defende base de informações fixa para índice
Fonte de dados pode alterar IDH
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é considerado
por pesquisadores um valioso
instrumento para comparar o estágio do desenvolvimento humano nos países, mas é também um
indicador que deixa de lado alguns aspectos da qualidade de vida e que, dependendo da fonte de
dados usada, pode elevar ou diminuir artificialmente a posição
dos países no ranking.
Anteontem, o ex-ministro da
Educação Paulo Renato Souza
acusou o governo de ter manipulado dados ao fornecer, para efeito de cálculo do IDH, dados de
analfabetismo de 2000, em vez de
trabalhar com os de 2002 (o relatório do IDH de 2004 trabalha, em
sua maioria, com dados de 2002).
Caso o governo utilizasse os dados de 2002 (que indicam uma taxa de analfabetismo da população
de 15 anos ou mais de 11,8%), em
vez dos dados de 2000 (que indicam uma taxa de 13,6%), o IDH
brasileiro pularia de 0,775 para
0,779, o que faria com que o país
melhorasse no ranking e subisse
da 72ª posição para a 68ª.
O IDH é calculado por uma fórmula que leva em conta os indicadores de analfabetismo, taxa bruta de matrícula nos três níveis de
ensino, expectativa de vida e PIB
per capita.
A melhoria mais significativa no
ranking, porém, ocorreria se a
ONU usasse como dado para a
expectativa de vida a média mais
recente divulgada pelo IBGE. A
ONU utilizou no relatório a expectativa de vida de 68 anos para
o Brasil em 2002. No entanto, os
dados da Tábua de Mortalidade
de 2002 do IBGE indicam que a
expectativa de vida do brasileiro
já chegou a 71 anos. A ONU não
explicou ontem como chegou ao
primeiro número.
Dados tabulados pelo economista e professor da UFRJ Marcelo Paixão mostram que, se o Pnud
(órgão da ONU que faz o cálculo
do IDH) utilizasse a expectativa
de vida de 71 anos, o Brasil daria
um salto da 72ª posição para a 55ª
colocação e teria um IDH de
0,797, muito próximo do índice
de 0,800, que indica um estágio alto de desenvolvimento humano
(quanto mais próximo de 1, maior
é o desenvolvimento).
"O IDH é uma das principais
ferramentas que temos para fazer
análises comparativas entre países e é referência obrigatória para
qualquer pesquisador do tema.
No entanto, o ideal seria criar
uma base de dados fixa para que o
índice não fique sujeito a oscilações por causa da mudança da
fonte dos números", diz Paixão.
Além de estar sujeito a variações
por causa da mudança na base de
dados, o IDH não leva em conta
alguns aspectos da qualidade de
vida. A expectativa de vida já é calculada em vários países levando
em conta o tempo de vida que a
pessoa viverá com qualidade.
No caso brasileiro, esse cálculo
só pode ser feito a partir do Censo
2000 do IBGE. Em 2000, a expectativa de vida do brasileiro era de
68,6 anos, mas a expectativa sem
incapacidade era de 54 anos -o
brasileiro vive, em média, 21,3%
da vida com menos qualidade.
Outro aspecto que não é considerado é a qualidade da educação.
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