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RIO DE JANEIRO
Ex-prefeito e atual, adversários na disputa municipal, são acusados de beneficiar empresas em obras do projeto Rio Cidade
Rivais, Maia e Conde se unem na Justiça
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
Adversários na disputa pela prefeitura, Cesar Maia (PTB) e Luiz
Paulo Conde (PFL) aparecem solidários na Justiça, na qual ambos
se defendem de uma ação popular
movida em 1998, em que são acusados de irregularidades na execução do Rio Cidade.
O projeto, que reurbanizou
bairros do Rio, foi alvo de uma
CPI da Câmara Municipal, surgida das denúncias de que as obras
estavam favorecendo a Net Rio,
empresa de operação de TV a cabo da Globo Cabo, controlada pelas Organizações Globo e que tem
como sócios Bradesco, BNDES e
Microsoft.
Depois de dois anos de tramitação, o processo está sendo analisado pelo Ministério Público, que
deve emitir um parecer sobre as
acusações contidas na ação popular e as defesas dos réus.
Conclusões da CPI
A CPI, terminada em junho de
1996, concluiu que a Net Rio foi
beneficiada pelo projeto, pois realizou a implantação dos cabos
sem arcar com os custos e o desgaste devido a transtornos causados por obras em ruas e calçadas.
Da mesma forma, a CPI, composta por uma maioria de vereadores da oposição, disse que o
projeto beneficiou as empresas
Light e Telerj, concessionárias dos
serviços de distribuição de energia e telefonia, na época ainda não
privatizadas.
A ação popular pede que essas
empresas restituam à prefeitura o
dinheiro que supostamente economizaram por terem aproveitado as obras do Rio Cidade para
implantar suas redes subterrâneas. Segundo dados do relatório
final da CPI, essas obras custaram
cerca de R$ 218 milhões.
A ação pede também que Maia,
Conde e a secretária municipal de
Obras, Angela Fonti, sejam condenados por improbidade administrativa e tenham que ressarcir
os prejuízos da prefeitura.
Disputa municipal
Na época das obras, Cesar Maia
era o prefeito e Luiz Paulo Conde,
secretário municipal de Urbanismo. Hoje, o atual prefeito Conde
disputa a reeleição e tem em Maia
o principal adversário, segundo a
última pesquisa do Datafolha, que
mostra ambos empatados tecnicamente. Conde tem 28% e Maia,
24%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais
para mais ou para menos.
Em suas defesas, apresentadas
há cerca de dois meses na 3ª Vara
da Fazenda Pública, Maia e Conde, separadamente, contestam
qualquer irregularidade e dizem
que não houve privilégio para as
empresas citadas.
"Insinuações maldosas"
O advogado de Maia, Paulo
Eduardo de Araujo Saboya, chega
a escrever em sua contestação à
ação popular que "na petição inicial não há acusação concreta
contra o antigo prefeito; existem,
isso sim, insinuações maldosas e
ataques políticos além, é claro, de
demonstração explícita de ódio
contra uma empresa do grupo
Globo denominada Net Rio S.A.".
A ação popular chegou a ser extinta em 1998, porque o juiz então
responsável pela 3ª Vara entendeu que só o Ministério Público
poderia mover ação motivada por
fatos apurados por uma CPI, além
de considerar irregular o fato de
fotocópias anexadas à petição inicial não terem sido autenticadas.
O autor da ação, Emanuel Jorge
de Almeida Cancella, que em 1998
foi, sem sucesso, candidato a deputado estadual pelo PT, recorreu
por meio do advogado Fábio Anderson de Freitas Pedro.
Três desembargadores da 16ª
Câmara Cível acataram o recurso,
em agosto de 1999. A ação retornou à Vara de origem e os réus foram citados para apresentar suas
defesas.
No último dia 19, Freitas Pedro
apresentou sua contestação às defesas e o processo foi enviado para
ser analisado pelo Ministério Público. Com base nesse parecer, o
juiz pode questionar se a partes
envolvidas têm novas provas a
apresentar.
Freitas Pedro já definiu que, se
isso ocorrer, vai solicitar uma perícia para calcular o valor do benefício que as empresas, em sua
opinião, tiveram com as obras da
prefeitura.
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