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TRANSIÇÃO
Percentual atual, de 27,5%, deve cair para 25% em janeiro
FHC quer aval de candidatos para manter alíquota do IR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso vai sugerir aos quatro principais candidatos ao Palácio do Planalto a edição de uma
medida provisória que mantenha
em 2003 a alíquota de 27,5% do
Imposto de Renda da Pessoa Física para quem ganha acima de R$
2.115. De acordo com a Receita
Federal, a providência é indispensável para manter o controle das
contas públicas no ano que vem.
O presidente, porém, deseja que
haja consenso em torno da proposta para editar logo uma MP.
Ou seja, quer dividir com todos a
responsabilidade pela notícia impopular, já que a alíquota cairia
para 25% em janeiro de 2003.
Além disso, o governo também
pode pedir apoio para manter em
2003 a alíquota de 9% da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que vigora até o fim
de dezembro. Essa alíquota tem
um adicional de um ponto percentual sobre a original (8%).
A manutenção dessas receitas
em 2003, que rendem atualmente
R$ 2,8 bilhões ao ano, é considerada fundamental pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional), a fim
de garantir o cumprimento da
meta de superávit primário de
3,75% do PIB previsto no acordo
de US$ 30 bilhões fechado recentemente entre o país e o Fundo.
Minirreforma tributária
O presidente também vai pedir
apoio dos candidatos à sua sucessão a dois projetos que podem ser
incluídos como prioridade na
pauta do esforço concentrado dos
dias 26 e 27 deste mês.
O primeiro é um projeto de lei
sugerido por Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Câmara, que
acaba com o efeito cascata (cobrança do tributo em todas as etapas da cadeia produtiva sem compensação) do PIS/Pasep e isenta
as exportações do pagamento
desse tributo.
Essa proposta tem apoio do PT
e também prevê que, em 14 meses, o governo envie projeto para
acabar com o efeito cascata da Cofins (Contribuição Social para Financiamento da Seguridade).
O presidente da Câmara também pediu que FHC proponha
aos candidatos ao Palácio do Planalto que apóiem a emenda constitucional que altera o artigo 192
da Constituição para permitir a
regulamentação do sistema financeiro por várias leis complementares. Essa emenda tira da Constituição o detalhamento do sistema
financeiro, inclusive o trecho que
prevê o tabelamento da taxa de juros em 12% ao ano
"Se houver consenso, o Congresso pode votar ainda neste ano
a chamada minirreforma tributária e a regulamentação do sistema
financeiro prevista no artigo 192
da Constituição", disse Aécio, que
conversou anteontem com o presidente sobre a pauta do encontro
de segunda-feira.
Em São Paulo, após apresentar
seu programa de governo na Bolsa de Mercadorias & Futuros o
candidato do PSDB, José Serra,
disse que, "até o fim do ano, o que
pode sair é a substituição do PIS
[Programa de Integração Social"
por um imposto que terá alíquota
mais alta, mas que vai tributar
muito menos a cadeia produtiva".
Serra praticamente antecipou
seu apoio ao conjunto de medidas
em estudo no Planalto para evitar
queda de receita em 2003. "Não
dá para perder receita, porque isso comprometeria a meta de superávit primário." O tucano aceita até mesmo uma reforma tributária maior, ainda neste ano, "e
mesmo acertos tributários transitórios para efeito de impedir que
o quadro fiscal se deteriore". "A
responsabilidade fiscal no Brasil é
fundamental e nós vamos mantê-la a qualquer preço", declarou o
presidenciável.
Em entrevista à rádio Gaúcha,
de Porto Alegre, o candidato do
PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse
que o PT defende uma minirreforma tributária ainda neste ano.
Ele pretende pedir ao presidente
que não deixe para alguém fazer
em janeiro o que ele pode fazer já.
Serra fez elogios à iniciativa de
FHC: "O presidente atua com
muita responsabilidade, acima de
interesses partidários e eleitorais.
Eu vou fazer de tudo para manter
a tranquilidade".
Expectativa
O apoio às medidas econômicas
que serão discutidas é fundamental, na visão do governo, para melhorar a expectativa dos investidores internacionais em relação
ao país. O principal objetivo de
FHC é obter dos candidatos oposicionistas, especialmente de Ciro
Gomes (PPS), o compromisso de
que cumprirão na íntegra o acordo com o FMI.
Na avaliação do FMI e do governo, Ciro é o candidato que mais
tem assustado o mercado. Logo, é
personagem mais importante que
Lula, cuja posição sobre o acordo
é considerada satisfatória pelo
Fundo e pelo presidente.
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