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Governo vai atrás do prejuízo, diz PT
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT considera que medidas tomadas anteontem pelo Banco
Central como a modificação das
regras para avaliação de fundos
de investimento são um sinal de
que o governo está "correndo
atrás do prejuízo", por estar consciente das limitações do pacote
com o Fundo Monetário Internacional para conter a alta do dólar.
"A impressão inicial do governo
sobre o pacote mudou completamente. O BC sinaliza para a sociedade que está se mexendo e correndo atrás do prejuízo para tentar acalmar a situação", disse Guido Mantega, professor da Fundação Getúlio Vargas e um dos principais assessores econômicos do
presidenciável Luiz Inácio Lula da
Silva. Na próxima segunda-feira,
Lula e os demais candidatos à Presidência se reúnem com o presidente Fernando Henrique Cardoso em Brasília.
Duas das medidas anunciadas
pelo BC são claramente dirigidas
a tentar conter a alta do dólar.
Uma delas é abandonar a "marcação a mercado" dos fundos, determinada no final de maio. Agora, novamente os fundos terão
seus valores registrados pela expectativa de desempenho futuro e
não pela performance atual, ditada pelo mercado.
A provável consequência imediata da medida será melhorar a
rentabilidade dos fundos, o que
desestimularia investidores de
migrar para o dólar, movimento
que tem ajudado a pressionar a
moeda norte-americana.
Quando a medida foi anunciada, o PT afirmou que não era contrário em princípio a ela, porque
daria maior transparência ao funcionamento dos fundos.
Criticou, no entanto, a forma
como foi feita, conjugada ao lançamento de Letras Financeiras do
Tesouro que foram recusadas pelo mercado, o que contribuiu para
aumentar a instabilidade nos fundos de investimento.
Os petistas também atacaram o
momento em que a operação foi
realizada, no início de um processo eleitoral que era potencialmente instável.
"O BC agora faz um remendo,
na tentativa de recuperar a credibilidade junto ao mercado. Mas
credibilidade é algo que não se recupera do dia para a noite, com
canetadas", declarou Mantega.
Outra das medidas anunciadas
pelo governo federal que, segundo o PT, equivalem a uma "corrida atrás do prejuízo" é o aumento
do recolhimento de compulsório
bancário -ou seja, do dinheiro
que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central.
Com menos dinheiro disponível no mercado, haveria menor
espaço para compra de dólares,
contribuindo para evitar a alta da
moeda. O efeito colateral disso,
no entanto, seria menor oferta de
crédito e dificuldades maiores para a queda nas taxas de juros, o
que tende a dificultar a retomada
do crescimento.
Cobrança
No Rio, Lula cobrou mais clareza de FHC a respeito das soluções
apresentadas para sair da crise.
A declaração de Lula foi em resposta à cobrança, por FHC, de
mais clareza dos candidatos de
oposição. "Quem está precisando
demonstrar clareza é o presidente
da República. Até agora, a única
coisa que ele disse é que foi ao
FMI. O que nós precisamos ouvir
dele é qual o modelo de desenvolvimento do Brasil. Em oito anos
de governo a economia não cresceu. Precisamos fazer o Brasil voltar a crescer. A produção tem que
substituir a especulação", disse.
Colaborou a Sucursal do Rio
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