São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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ESTRATÉGIA

Para senador, referendar acordo enfraquece futuro governo

Freire diz que Ciro, se eleito, pode rever acordo com o Fundo

SILVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A quatro dias de os candidatos se encontrarem com o presidente Fernando Henrique Cardoso para tratar do empréstimo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o senador Roberto Freire (PE), presidente nacional do PPS e um dos coordenadores da campanha do presidenciável da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), disse que o acordo acertado pode ser revisto no caso de Ciro Gomes vencer as eleições.
"Evidentemente que pode [ser revisto]. Alguém vai imaginar que vamos fazer a mesma política [econômica] de Fernando Henrique Cardoso? Quem vai fazer é o Serra, e olhe lá", ironizou o senador do PPS.
Segundo Freire, a campanha presidencial vai mostrar as diferenças de propostas da candidatura Ciro Gomes em relação à atual política econômica posta em prática pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Para o senador, referendar o acordo que tem vigência para o próximo ano no momento atual da sucessão presidencial enfraqueceria o futuro governo e as condições sucessórias.
"Se formos entrar em acordo com o Fundo Monetário, para que eleger alguém? O Fundo vai ditar a política do governo brasileiro. É preciso saber que o Fundo Monetário é um instrumento importante, ninguém está dizendo "fora FMI". Quem dita a política brasileira é o povo e quem vai representá-lo é o presidente da República", disse o senador.
As declarações do senador Roberto Freire foram dadas após uma cerimônia no Palácio do Planalto, onde recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, entregue pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mais tarde, a Folha tentou esclarecer com o senador em que momento e sob que condições o acordo com o FMI poderia ser revisto em um eventual governo de Ciro Gomes. Freire disse que não iria "aprofundar a discussão" sobre a revisão para evitar "especulação" sobre as diretrizes que o eventual governo daria à economia do país.

Revisões
O acordo com o Fundo Monetário Internacional já prevê revisões a cada três meses. "Se está previsto, melhor. Todo tratado tem forma de revisão e até de denúncia [desistência]", disse Freire.
Apesar de se comprometer, se eleito, com diversas medidas econômicas já acertadas pelo atual governo, entre elas, a austeridade fiscal, a estabilidade da moeda e o respeito aos contratos já firmados, Ciro Gomes já chegou a classificar o acordo acertado com o FMI de "desastre" e afirmou que não dará oportunidade para ser domesticado pelo mercado.
As declarações feita por Ciro Gomes levaram o atual governo a buscar, no encontro que se realizará na próxima segunda-feira do presidente FHC com os candidatos ao Planalto, um compromisso de que o presidenciável que vencer irá cumprir, na íntegra, o acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional.


Colaborou LUIZA DAMÉ, da Sucursal de Brasília



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