|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTRATÉGIA
Para senador, referendar acordo enfraquece futuro governo
Freire diz que Ciro, se eleito, pode rever acordo com o Fundo
SILVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A quatro dias de os candidatos
se encontrarem com o presidente
Fernando Henrique Cardoso para
tratar do empréstimo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), o senador Roberto Freire
(PE), presidente nacional do PPS
e um dos coordenadores da campanha do presidenciável da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT),
disse que o acordo acertado pode
ser revisto no caso de Ciro Gomes
vencer as eleições.
"Evidentemente que pode [ser
revisto]. Alguém vai imaginar que
vamos fazer a mesma política
[econômica] de Fernando Henrique Cardoso? Quem vai fazer é o
Serra, e olhe lá", ironizou o senador do PPS.
Segundo Freire, a campanha
presidencial vai mostrar as diferenças de propostas da candidatura Ciro Gomes em relação à
atual política econômica posta em
prática pelo governo de Fernando
Henrique Cardoso.
Para o senador, referendar o
acordo que tem vigência para o
próximo ano no momento atual
da sucessão presidencial enfraqueceria o futuro governo e as
condições sucessórias.
"Se formos entrar em acordo
com o Fundo Monetário, para
que eleger alguém? O Fundo vai
ditar a política do governo brasileiro. É preciso saber que o Fundo
Monetário é um instrumento importante, ninguém está dizendo
"fora FMI". Quem dita a política
brasileira é o povo e quem vai representá-lo é o presidente da República", disse o senador.
As declarações do senador Roberto Freire foram dadas após
uma cerimônia no Palácio do Planalto, onde recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, entregue pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Mais tarde, a Folha tentou esclarecer com o senador em que
momento e sob que condições o
acordo com o FMI poderia ser revisto em um eventual governo de
Ciro Gomes. Freire disse que não
iria "aprofundar a discussão" sobre a revisão para evitar "especulação" sobre as diretrizes que o
eventual governo daria à economia do país.
Revisões
O acordo com o Fundo Monetário Internacional já prevê revisões
a cada três meses. "Se está previsto, melhor. Todo tratado tem forma de revisão e até de denúncia
[desistência]", disse Freire.
Apesar de se comprometer, se
eleito, com diversas medidas econômicas já acertadas pelo atual
governo, entre elas, a austeridade
fiscal, a estabilidade da moeda e o
respeito aos contratos já firmados, Ciro Gomes já chegou a classificar o acordo acertado com o
FMI de "desastre" e afirmou que
não dará oportunidade para ser
domesticado pelo mercado.
As declarações feita por Ciro
Gomes levaram o atual governo a
buscar, no encontro que se realizará na próxima segunda-feira do
presidente FHC com os candidatos ao Planalto, um compromisso
de que o presidenciável que vencer irá cumprir, na íntegra, o acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional.
Colaborou LUIZA DAMÉ, da Sucursal de
Brasília
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Para estrangeiros, Mangabeira prevê superávit maior que 3,75% Índice
|