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CONFLITO AGRÁRIO
Projeto que está sendo analisado por Lula também prevê criação de 7 ouvidorias para conter tensão no campo
Governo estuda criar "gabinete de crises"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva deve assinar nos próximos dias um decreto para tentar
diminuir a tensão no campo por
meio da instalação de um "gabinete de gerenciamento de crises",
em Brasília, além da criação de sete ouvidorias federais em Estados
onde há maior tensão e da agilização dos processos de desapropriação e reintegração de posse.
"A expansão do conflito é inevitável com o aumento do número
de famílias, o passivo deixado pelo Banco da Terra, a invasão de
terras indígenas e quilombos. O
que queremos evitar é a violência", disse o ministro Nilmário
Miranda (Direitos Humanos),
responsável por elaborar a minutai enviada ontem a Casa Civil.
O projeto prevê ainda a criação
de varas judiciais e Promotorias
especializadas para a questão
agrária nos Estados, a exemplo do
que já existe em Minas Gerais.
Segundo ele, basta um "provimento" (ordem administrativa)
dos Tribunais de Justiça para a
criação das varas. A idéia do governo é, paralelamente à negociação com os grupos envolvidos,
abreviar o tempo de tramitação
dos processos relativos à terra.
"Em Minas, onde tem uma vara
especializada, de 55 audiências, o
juiz conseguiu 48 acordos", disse.
A negociação permanente será
feita por sete novos ouvidores
agrários -hoje há apenas um-
nos Estados onde a tensão entre
fazendeiros e sem-terra é mais
preocupante: Alagoas, São Paulo,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rio
Grande do Sul. Segundo Miranda,
o governo federal já mapeou a
existência de 120 focos de conflitos no campo em todo o país.
Nesses Estados, seriam instaladas mesas de negociação permanente formadas por representantes dos sem-terra, dos ruralistas e
das polícias estaduais e federal.
O texto da minuta contém a sugestão de um plano ou programa
nacional de reintegração de posse. Segundo o ministro, não há
motivo para os Estados demorarem ou não cumprirem a reintegração se houver uma negociação
com os movimentos envolvidos.
O decreto vai conter, segundo o
ministro, "recomendações" para
os juízes que julgarem ações de
desapropriação ou reintegração
de posse.
(IURI DANTAS)
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