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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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MST promove outra invasão no PR

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Horas depois do pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cadeia nacional de rádio e TV, quando criticou a radicalização na questão agrária, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu uma invasão em General Carneiro, no sul do Paraná.
A fazenda Rondon foi invadida por cerca de 320 sem-terra na madrugada de ontem, que saíram das margens da PR-170, em Bituruna, e entraram na propriedade da indústria de madeiras Zattar. Os proprietários afirmam que a fazenda é destinada ao reflorestamento de pinus e à criação de peixes. Uma parte estaria arrendada para a criação de gado.
Segundo o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, "há forte suspeita" de que a fazenda seja improdutiva, mesmo não integrando a lista de áreas passíveis de desapropriação.
Lacerda disse que a invasão de ontem anulou qualquer possibilidade de a fazenda vir a ser vistoriada. "Tínhamos relacionado a fazenda para vistoria acatando sugestão do próprio MST, mas a invasão inviabilizou nossa ação."

Morte
Na noite de anteontem, o sem-terra Zenilto Ribeiro morreu com um tiro na cabeça enquanto dormia no barraco da família no acampamento da fazenda Cajati, em Cascavel, oeste do Estado.
A Polícia Civil ainda não tem suspeitos, mas a mulher e um irmão do morto acreditam em atentado de dissidentes do MST. O matador pertenceria ao MTR (Movimento dos Trabalhadores Rurais), que reúne trabalhadores da região expulsos do MST.
"Há muitos integrantes [dos movimentos agrários] que não querem terra, querem é estragar a vida dos outros", disse Zezilto Ribeiro, irmão do sem-terra que foi assassinado. A Agência Folha não conseguiu localizar representantes do MTR.
O superintendente do Incra confirmou a dissidência e disse que esse grupo se identifica como sendo de "bandeira branca".
A invasão de ontem foi a segunda em 24 horas no Paraná. Na manhã de quinta-feira -dia em que Lula se deslocava ao Estado-, o MST liderou cerca de 2.000 sem-terra que entraram numa fazenda em Laranjal, no centro-oeste.
Ontem, os proprietários da área conseguiram reintegração de posse na Justiça, mas os sem-terra não atenderam à notificação. Os líderes estaduais do MST não foram localizados para falar sobre os episódios, pois estariam reunidos em São Paulo e não poderiam ser localizados.


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