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GASTOS DA PRESIDÊNCIA
Planalto terá de detalhar uso de cartões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), se comprometeu a enviar amanhã à Presidência requerimento cobrando
informações sobre gastos com
cartões corporativos, por meio
dos quais autoridades do Planalto
fizeram gastos milionários.
O requerimento de informações
estava parado na direção do Senado havia dois meses e meio. A
partir da publicação, o governo
terá 30 dias para encaminhar ao
Congresso detalhes dos gastos.
Calheiros negou que a demora
fosse intencional. "Havia inicialmente uma dúvida se as informações não representavam quebra
do sigilo bancário, mas amanhã
[hoje] mesmo colho as assinaturas e mando publicar", disse ontem em resposta ao questionamento da Folha.
Uma regra baixada no primeiro
ano do governo Lula pelo Gabinete de Segurança Institucional alegou "questões de segurança" para
barrar o acesso a informações sobre as despesas com os cartões. A
regra vem mantendo desconhecido o destino do dinheiro público
gasto com cartões. A falta de
transparência foi apontada até
por relatório do TCU (Tribunal
de Contas da União).
No Senado, o líder do governo,
Aloizio Mercadante (PT-SP), tentou barrar o requerimento de informações apresentado pelo líder
do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
Em disputa na Comissão de
Constituição e Justiça, o governo
foi derrotado no início de junho.
E, desde então, o requerimento
aguarda decisão da direção do Senado antes de seguir ao Planalto.
O uso do cartão corporativo foi
autorizado no último ano de
mandato do presidente Fernando
Henrique Cardoso. O cartão deveria dar mais agilidade a despesas urgentes, excepcionais e de
menor valor do governo. No governo Lula, os cartões se transformaram numa rotina cara. Até o final de 2004, os gastos da Presidência nessa modalidade somavam
R$ 16,7 milhões. No mesmo período, os saques em dinheiro com
os cartões, considerados ainda
menos transparentes, alcançaram
R$ 6 milhões. Em 2005, o ritmo de
gastos caiu. Até a última sexta, as
faturas de cartões corporativos da
Presidência somavam R$ 2,9 milhões. Os saques, R$ 598 mil.
Em 2003, um único portador
dos cartões foi responsável por
uma fatura mensal de R$ 287,7
mil. Em outro mês, o mesmo funcionário sacou em dinheiro vivo
com o cartão da Presidência mais
de R$ 78 mil.
(MARTA SALOMON e RUBENS VALENTE)
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