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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ FINANCIAMENTO ELEITORAL
Presidente da instituição anuncia também veto a financiamentos para entidades religiosas, de classe e agremiações esportivas
BB suspende novos empréstimos a partidos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil refez suas
contas referentes a empréstimos
concedidos ao PT e concluiu que
a possibilidade de sofrer um prejuízo com essas operações é maior
do que se imaginava. Além disso,
diante dos problemas trazidos
por esses financiamentos, o banco decidiu suspender seus empréstimos a partidos políticos.
O assunto foi tratado na semana
passada pela diretoria e pelo conselho de administração do BB.
Além do veto aos partidos, o banco também decidiu acabar com a
concessão de financiamentos para entidades religiosas, entidades
de classe (sindicatos) e agremiações esportivas. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do banco, Rossano Maranhão.
Empréstimos já aprovados deverão continuar a ser pagos normalmente, mas não serão renovados. O BB não divulgou o valor
dos financiamentos direcionados
a esses três segmentos, mas informou que o número é pequeno
perto dos quase R$ 90 bilhões da
sua carteira total de crédito.
Para o BB, o problema com os
financiamentos a partidos não está no risco de um calote, e sim os
danos que esse tipo de transação
traz à imagem do banco.
Sobre os empréstimos ao PT,
Maranhão disse que "não há o
que se questionar quanto a legalidade das operações". Ainda assim, o BB considera que o risco de
ter prejuízo com esses créditos
tem crescido consideravelmente,
o que fez com que o banco aumentasse seu nível de provisões.
Provisão é o nome dado à reserva que os bancos fazem para se
prevenir quanto a possíveis atrasos nos pagamentos dos empréstimos -quanto maior a chance
de um calote, maior a provisão.
Ao todo, segundo informações
do BB, o PT contraiu duas dívidas
com o banco. A primeira delas foi
em 2001, quando R$ 3 milhões foram emprestados por meio de um
instrumento chamado conta garantida -uma espécie de cheque
especial usado por empresas.
Inicialmente, o BB havia feito
uma provisão equivalente a 10%
do valor desse crédito. Agora, essa
reserva passou para 100% do empréstimo -ou seja, é dado como
certo que haverá um calote.
O segundo empréstimo foi concedido em 2004, quando um "leasing" de R$ 24 milhões foi feito
para que o PT comprasse novos
computadores para os seus escritórios. Nesse caso, a provisão passou de 1% da operação para 30%.
O vice-presidente de Crédito do
BB, Adézio de Almeida Lima, disse que "as operações estão com os
pagamentos rigorosamente em
dia" e que um terço do saldo devedor do "leasing" já foi pago.
Ainda assim, o executivo alegou
"novas informações que circulam
no mercado" para justificar o aumento do nível das provisões.
Segundo o BB, nenhum outro
partido tem empréstimo com a
instituição. A Caixa Econômica
Federal, outra instituição financeira do governo federal, não tem,
pelo menos por enquanto, restrições a empréstimos a partidos.
Auditorias
Maranhão também anunciou o
afastamento de dez funcionários
de carreira que ocupavam cargos
de confiança na área de marketing do banco. Há um mês, as
operações do departamento estão
sendo analisadas por um grupo
de 38 auditores do próprio BB.
Sem citar nomes, Maranhão
disse que os funcionários foram
afastados "para que a apuração
transcorra com mais tranqüilidade". As investigações tiveram início depois que surgiram suspeitas
sobre o envolvimento de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do BB, com o empresário
Marcos Valério, que seria o suposto operador do "mensalão".
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