São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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CASO CELSO DANIEL

Objetivo é que Polícia Civil trabalhe em parceria com promotores para aprofundar investigação sobre morte do prefeito

Família quer nova apuração de assassinato

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel (PT), recorreu ao secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, para pedir que a Polícia Civil investigue o caso em parceria com o Ministério Público.
A Folha apurou que Bruno Daniel, irmão do prefeito morto, e a mulher dele, Marilena, conversaram com o secretário de Segurança Pública na semana passada. O casal argumentou que, com a entrada da polícia, seria possível acelerar a investigação.
Durante a reunião, Saulo mostrou-se favorável ao pedido, mas ainda não definiu se isso deverá efetivamente ocorrer.
O trabalho da polícia e o da Promotoria na investigação da morte de Daniel foram marcados por conflitos e desentendimentos.
Cerca de seis meses depois do seqüestro e da morte do prefeito, em janeiro de 2002, a Polícia Civil encerrou o inquérito, responsabilizou seis homens da favela Pantanal pelo assassinato e concluiu que havia sido um crime comum.
A investigação foi reaberta pelo Ministério Público, e a polícia, chamada a ajudar. Porém, os dois órgãos se desentenderam.
À Justiça o Ministério Público apresentou uma nova versão. Disse que o crime foi premeditado e acusou o ex-segurança e empresário Sérgio Gomes da Silva (tido como testemunha pela polícia) de ser o mandante do crime. Os dois estavam juntos numa Pajero quando Daniel foi seqüestrado.
A Promotoria continua a investigação porque acredita ter pistas da participação de outras pessoas.
E é nisso que a família de Daniel quer que a Polícia Civil colabore. Porém, entrar no caso representaria ao órgão reconhecer falhas na primeira investigação.
Em janeiro do ano passado, a Folha publicou que pelo menos seis pessoas que tiveram algum vínculo com os acontecimentos que cercaram a morte de Daniel foram assassinadas. Nenhum dos crimes foi elucidado.
Gomes da Silva nega ter participado da morte de Daniel. Seus advogados criticam o que chamam de falta de isenção no trabalho do Ministério Público e da imprensa.

PT
Para o Ministério Público, a morte de Daniel passa pelo suposto esquema de corrupção montado durante a gestão dele.
Os promotores Amaro Thomé Filho, Roberto Wider Filho e José Reinaldo Carneiro acusaram Gomes da Silva e outras cinco pessoas, entre elas um ex-vereador do PT, de terem operado um esquema de coleta de propina na prefeitura -todos negam.
João Francisco Daniel, outro irmão do prefeito morto, disse que esse suposto esquema alimentou campanhas do PT. O dinheiro, disse, seguia em malas para o escritório do deputado federal José Dirceu (SP) -ele está processando Francisco por danos morais.
A Promotoria diz já ter provas de que Daniel sabia desse esquema. Além do testemunho de João Francisco, anexou ao processo um dossiê encontrado no arquivo do ex-prefeito atribuindo a Gomes da Silva operações ilegais na prefeitura. O dossiê havia sido enviado por Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O PT e Dirceu sempre negaram as acusações de envolvimento no suposto esquema. O partido chegou a contratar o ex-procurador-geral Aristides Junqueira para acompanhar as investigações.
Documentos entregues à CPI do Mensalão revelaram que o pagamento a Aristides foi feito por meio de Marcos Valério de Souza, suposto operador do "mensalão". O advogado informou que desconhecia a origem do dinheiro.


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