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CASO CELSO DANIEL
Objetivo é que Polícia Civil trabalhe em parceria com promotores para aprofundar investigação sobre morte do prefeito
Família quer nova apuração de assassinato
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A família do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel
(PT), recorreu ao secretário da Segurança Pública do Estado de São
Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, para pedir que a Polícia Civil
investigue o caso em parceria com
o Ministério Público.
A Folha apurou que Bruno Daniel, irmão do prefeito morto, e a
mulher dele, Marilena, conversaram com o secretário de Segurança Pública na semana passada. O
casal argumentou que, com a entrada da polícia, seria possível
acelerar a investigação.
Durante a reunião, Saulo mostrou-se favorável ao pedido, mas
ainda não definiu se isso deverá
efetivamente ocorrer.
O trabalho da polícia e o da Promotoria na investigação da morte
de Daniel foram marcados por
conflitos e desentendimentos.
Cerca de seis meses depois do
seqüestro e da morte do prefeito,
em janeiro de 2002, a Polícia Civil
encerrou o inquérito, responsabilizou seis homens da favela Pantanal pelo assassinato e concluiu
que havia sido um crime comum.
A investigação foi reaberta pelo
Ministério Público, e a polícia,
chamada a ajudar. Porém, os dois
órgãos se desentenderam.
À Justiça o Ministério Público
apresentou uma nova versão. Disse que o crime foi premeditado e
acusou o ex-segurança e empresário Sérgio Gomes da Silva (tido
como testemunha pela polícia) de
ser o mandante do crime. Os dois
estavam juntos numa Pajero
quando Daniel foi seqüestrado.
A Promotoria continua a investigação porque acredita ter pistas
da participação de outras pessoas.
E é nisso que a família de Daniel
quer que a Polícia Civil colabore.
Porém, entrar no caso representaria ao órgão reconhecer falhas na
primeira investigação.
Em janeiro do ano passado, a
Folha publicou que pelo menos
seis pessoas que tiveram algum
vínculo com os acontecimentos
que cercaram a morte de Daniel
foram assassinadas. Nenhum dos
crimes foi elucidado.
Gomes da Silva nega ter participado da morte de Daniel. Seus advogados criticam o que chamam
de falta de isenção no trabalho do
Ministério Público e da imprensa.
PT
Para o Ministério Público, a
morte de Daniel passa pelo suposto esquema de corrupção montado durante a gestão dele.
Os promotores Amaro Thomé
Filho, Roberto Wider Filho e José
Reinaldo Carneiro acusaram Gomes da Silva e outras cinco pessoas, entre elas um ex-vereador
do PT, de terem operado um esquema de coleta de propina na
prefeitura -todos negam.
João Francisco Daniel, outro irmão do prefeito morto, disse que
esse suposto esquema alimentou
campanhas do PT. O dinheiro,
disse, seguia em malas para o escritório do deputado federal José
Dirceu (SP) -ele está processando Francisco por danos morais.
A Promotoria diz já ter provas
de que Daniel sabia desse esquema. Além do testemunho de João
Francisco, anexou ao processo
um dossiê encontrado no arquivo
do ex-prefeito atribuindo a Gomes da Silva operações ilegais na
prefeitura. O dossiê havia sido enviado por Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
O PT e Dirceu sempre negaram
as acusações de envolvimento no
suposto esquema. O partido chegou a contratar o ex-procurador-geral Aristides Junqueira para
acompanhar as investigações.
Documentos entregues à CPI
do Mensalão revelaram que o pagamento a Aristides foi feito por
meio de Marcos Valério de Souza,
suposto operador do "mensalão".
O advogado informou que desconhecia a origem do dinheiro.
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