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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Oposição quer que Okamotto vá ao Senado se explicar
Tasso quer que presidente do Sebrae deponha na CCJ sobre nova versão dada por Lula para pagamento de dívida com PT
Para senador, ou amigo do presidente cometeu crime de perjúrio ao dizer à CPI que não o alertou sobre a dívida ou Lula mentiu ao "JN"
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após o início da campanha eleitoral na TV, PSDB e
PFL pretendem iniciar hoje
uma ofensiva para resgatar um
dos temas mais polêmicos da
crise política: o pagamento da
dívida de R$ 29,4 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
com o PT feito pelo presidente
do Sebrae, Paulo Okamotto.
O argumento dos tucanos é
que Okamotto deve explicações sobre as versões conflitantes do pagamento da dívida, dadas por ele à CPI dos Bingos, e
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao "Jornal Nacional".
A estratégia da oposição é
anunciar hoje que apresentará
um requerimento cobrando a
ida de Okamotto à CCJ (Comissão e Constituição de Justiça)
do Senado na primeira semana
de setembro, conforme o calendário de "esforço concentrado"
do Congresso para votações e
funcionamento de comissões.
Como a CPI dos Bingos foi
encerrada, a CCJ seria o foro
apropriado para argumentar
que Okamotto cometeu crime
de perjúrio (falso testemunho)
ao afirmar à CPI que o presidente Lula não teve conhecimento do pagamento da dívida.
Antes de prestar depoimento à
CPI, o depoente é obrigado a
assinar um termo no qual se
compromete a dizer a verdade.
"Ou ele cometeu perjúrio, e
vamos pedir a sua prisão, ou ele
vem desmentir o presidente",
disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Em entrevista ao "JN", na semana passada, o presidente Lula relatou uma suposta conversa entre ele e Okamotto antes
do pagamento da dívida. "Quer
pagar, você paga, porque eu não
vou pagar, porque não devo ao
PT", disse Lula.
No entanto, sempre que se
pronunciou sobre o caso, Okamotto se responsabilizou pelo
pagamento dos R$ 29,4 mil de
Lula com o PT, registrados na
prestação de contas do partido,
mas disse que não informou o
presidente sobre o caso. Antes
da entrevista, o Palácio do Planalto sempre negou que Lula
soubesse da dívida. Depois da
entrevista de Lula ao "JN",
Okamotto informou que não
falaria sobre o assunto.
No ano passado, a CPI dos
Correios suspeitava que o dinheiro usado para quitar a dívida era oriundo do "valerioduto". Okamotto conseguiu impedir a quebra de seu sigilo no Supremo Tribunal Federal.
Pelo regimento da CCJ, Okamotto seria "convidado", o que
não o obriga a comparecer. A
oposição analisa uma brecha
jurídica para exigir sua vinda,
mas avalia que reacender o tema já causará turbulências.
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