São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Oposição quer que Okamotto vá ao Senado se explicar

Tasso quer que presidente do Sebrae deponha na CCJ sobre nova versão dada por Lula para pagamento de dívida com PT

Para senador, ou amigo do presidente cometeu crime de perjúrio ao dizer à CPI que não o alertou sobre a dívida ou Lula mentiu ao "JN"


SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após o início da campanha eleitoral na TV, PSDB e PFL pretendem iniciar hoje uma ofensiva para resgatar um dos temas mais polêmicos da crise política: o pagamento da dívida de R$ 29,4 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT feito pelo presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
O argumento dos tucanos é que Okamotto deve explicações sobre as versões conflitantes do pagamento da dívida, dadas por ele à CPI dos Bingos, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao "Jornal Nacional".
A estratégia da oposição é anunciar hoje que apresentará um requerimento cobrando a ida de Okamotto à CCJ (Comissão e Constituição de Justiça) do Senado na primeira semana de setembro, conforme o calendário de "esforço concentrado" do Congresso para votações e funcionamento de comissões.
Como a CPI dos Bingos foi encerrada, a CCJ seria o foro apropriado para argumentar que Okamotto cometeu crime de perjúrio (falso testemunho) ao afirmar à CPI que o presidente Lula não teve conhecimento do pagamento da dívida. Antes de prestar depoimento à CPI, o depoente é obrigado a assinar um termo no qual se compromete a dizer a verdade.
"Ou ele cometeu perjúrio, e vamos pedir a sua prisão, ou ele vem desmentir o presidente", disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Em entrevista ao "JN", na semana passada, o presidente Lula relatou uma suposta conversa entre ele e Okamotto antes do pagamento da dívida. "Quer pagar, você paga, porque eu não vou pagar, porque não devo ao PT", disse Lula.
No entanto, sempre que se pronunciou sobre o caso, Okamotto se responsabilizou pelo pagamento dos R$ 29,4 mil de Lula com o PT, registrados na prestação de contas do partido, mas disse que não informou o presidente sobre o caso. Antes da entrevista, o Palácio do Planalto sempre negou que Lula soubesse da dívida. Depois da entrevista de Lula ao "JN", Okamotto informou que não falaria sobre o assunto.
No ano passado, a CPI dos Correios suspeitava que o dinheiro usado para quitar a dívida era oriundo do "valerioduto". Okamotto conseguiu impedir a quebra de seu sigilo no Supremo Tribunal Federal.
Pelo regimento da CCJ, Okamotto seria "convidado", o que não o obriga a comparecer. A oposição analisa uma brecha jurídica para exigir sua vinda, mas avalia que reacender o tema já causará turbulências.


Texto Anterior: Ceará: Tasso não participa, diz Lúcio
Próximo Texto: Presidente recebe apoio de 182 prefeitos em MG e promete solução para dívidas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.