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Ação do PV leva à renúncia de 1º deputado sanguessuga
Coriolano Sales (PFL), acusado de receber R$ 172 mil de máfia, abre mão de mandato
Processos contra 69 devem ser abertos na semana que vem pelo Conselho de Ética; quem não renunciar antes se arrisca a ficar inelegível
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O primeiro deputado suspeito de participação na máfia dos
sanguessugas entregou ontem
sua carta de renúncia. A atitude
foi tomada depois que o PV entrou com representação no
Conselho de Ética pedindo a
cassação dos 69 deputados federais acusados no relatório da
CPI dos Sanguessugas.
O deputado Coriolano Sales
(PFL-BA), 63, que é candidato à
reeleição, abriu mão do mandato como forma de escapar à inelegibilidade que uma possível
cassação acarretaria. Sua renúncia será lida na sessão de
hoje do plenário -ele pode voltar atrás até esse momento.
Sales teria recebido R$ 172,4
mil da quadrilha, de acordo
com Luiz Antonio Vedoin, líder
da máfia. A Folha não conseguiu falar ontem com Sales.
A representação do PV ao
Conselho de Ética elimina a
necessidade de análise prévia
dos casos pela Corregedoria da
Casa. Isso porque a Constituição determina a imediata ação
do conselho caso a representação seja feita por um partido.
A renúncia ao mandato só
beneficia o acusado até a abertura dos processos no conselho, que está prevista para o
início da semana que vem.
Após isso, o processo segue, haja renúncia ou não. Se o acusado tiver o mandato cassado, fica inelegível por oito anos a
contar do fim da legislatura em
que ocorreu a punição -até
2015, se for cassado na atual legislatura, ou até 2019, caso a
punição ocorra na próxima,
que começa em fevereiro. A renúncia não impede a retomada
do processo caso o acusado se
reeleja para a Câmara.
Pelo menos mais quatro deputados manifestaram a colegas a intenção de renunciar,
entre eles Nilton Capixaba
(PTB-RO) e Marcelino Fraga
(PMDB-ES).
Os 69 deputados são acusados de participar do esquema
que, desde 2001, fraudava licitações para que prefeituras adquirissem ambulâncias superfaturadas da Planam. A CPI
acusou ainda três senadores de
envolvimento com a fraude.
Pressão
A Folha acompanhou as negociações para a abertura dos
processos no gabinete do presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP). Ele chegou a telefonar ao presidente
da Câmara, Aldo Rebelo (PC do
B-SP), pedindo para que ele segurasse a representação, já que
o órgão teria que se estruturar
antes da abertura dos processos. "É impossível fazer tudo
isso com o pessoal que disponho", disse no telefonema.
Diante da resistência de Aldo, o petebista disse que deve
abrir os processos entre segunda e terça-feira, prazo final para que acusados renunciem.
Durante as negociações com
o presidente da Câmara, Izar
recebeu a visita de duas assessoras do deputado Marcelino
Fraga. A Folha apurou que elas
traziam a carta de renúncia do
deputado, que só não foi apresentada porque descobriram
que os processos não seriam
abertos nesta semana.
Os órgãos técnicos da Casa ligavam na noite de ontem para
o gabinete dos 69 deputados
avisando sobre a representação
do PV, uma forma de alertar
sobre o prazo para aqueles que
desejam renunciar.
Quadrilha
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da CPI
que levou o PV a assinar a representação, disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o grupo
político dele no PMDB fazem
parte de "uma quadrilha", pois
teriam dificultado a primeira
fase da CPI e, agora, estariam
colocando obstáculos para a seqüência dos trabalhos.
Renan enviou ontem para o
Conselho de Ética do Senado o
relatório que pede a cassação
de Serys Slhessarenko (PT-MT), Magno Malta (PL-ES) e
Ney Suassuna (PMDB-PB). Ele
preferiu não responder as acusações de Gabeira. "Demonstrei em todos os momentos total isenção e absoluto equilíbrio. De modo que não dá para
responder esse tipo de coisa."
O deputado Lino Rossi (PP-MT) afirmou ontem em Cuiabá
que renunciou à sua candidatura à reeleição. Rossi foi apontado como campeão no recebimento de propina -cerca de R$
3,1 milhões- entre os 72 parlamentares supostamente integrantes da máfia dos sanguessugas. A justificativa de Rossi
para a renúncia é a falta de recursos na campanha eleitoral.
(RANIER BRAGON, LETÍCIA SANDER E ADRIANO CEOLIN)
Colaborou a Agência Folha, em Campo Grande
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