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Procuradoria apura "lavagem" no PR
da Agência Folha, em Londrina
Um processo em andamento na
Justiça Federal em Cascavel (oeste
do PR) ajuda a entender como é
feita a lavagem de dinheiro com
as contas CC-5.
O processo 99.601.0069-3 revela
as ligações entre um contrabandista de ouro, um banco, dois "laranjas" profissionais, um "laranja" ocasional e um deputado estadual pelo PSDB do Paraná.
A investigação começou em
abril de 1997, quando o procurador da República em Cascavel,
Celso Antônio Três, recebeu comunicação do BC levantando
suspeitas sobre a existência de
possíveis remessas ilegais.
No relatório do BC, constavam
os nomes Marcos Alexandre Irineu de Souza, Anísia dos Santos e
Valdete Pereira dos Santos como
suspeitos de serem "laranjas".
Em contas dos três, o Ministério
Público Federal descobriu 61 registros de depósitos da empresa
Tradicional Comércio de Metais
Preciosos Ltda, de Belém (PA). A
Tradicional depositou R$ 6,494
milhões entre abril e maio de 97.
Como os titulares das contas
não tinham como comprovar a
origem desse dinheiro, o Ministério Público passou a investigar.
Em abril deste ano, o proprietário da Tradicional, Aldesir Nardino, foi preso em Belém pela Polícia Federal por suposto contrabando de ouro. Em depoimento,
ele disse que enviava dinheiro para "laranjas" de Cascavel.
Única das ""laranjas" a ser encontrada, Valdete Pereira dos
Santos, hoje proprietária de uma
banca de revistas em Cascavel,
disse em juízo que abriu a conta
bancária a pedido de Romildo José de Souza, gerente da Cash
Câmbio, empresa do deputado
Barater e de seu irmão, Mauro.
Valdete trabalhava como zeladora na Cash e disse ter apenas assinado cheques, sem movimentar
a conta. Em seu nome, no entanto, há registros de movimentação
de R$ 6,007 milhões.
A "laranja" Anísia dos Santos
está foragida. Ela chegou a enviar
R$ 24,737 milhões ao exterior.
As investigações mostraram
ainda que Marcos Alexandre Irineu de Souza era um "laranja"
profissional, com diversas contas.
Ele é o 25º maior remetente de dinheiro via CC-5, com o envio de
R$ 47,353 milhões. Nunca foi localizado e existe a suspeita de que
o seu nome seja falso.
Mesmo antes da prisão de Nardino, o procurador Três havia
conseguido na Justiça Federal, em
setembro de 1997, o sequestro dos
bens dos irmãos Barater.
A casa de câmbio foi fechada
pelo Banco Central em outubro
de 98. Segundo Três, a Cash teria
""lavado" R$ 30 milhões. O processo está parado na Justiça em
razão da imunidade de Barater.
Eleito deputado em 98, Barater
foi beneficiado com a suspensão
do sequestro de seus bens.
O deputado nega participação
no processo de lavagem e atribui
responsabilidades pelas irregularidades ao ex-gerente da Cash
Câmbios. Ele diz ser ""perseguido"
pelo procurador Três.
O gerente Romildo José de Souza, hoje desempregado, se nega a
falar sobre o caso.
(JM)
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