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Ossadas foram achadas em 1996
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As ossadas retiradas da região
do Araguaia em 1996 pela Comissão de Mortos e Desaparecidos
Políticos do Ministério da Justiça,
auxiliada por uma equipe de peritos argentinos, continuam guardadas em caixas de biscoito e macarrão no Instituto Nacional de
Criminalística da Polícia Federal,
no Distrito Federal.
Além disso, também não foram
tomadas providências sobre a ossada que está guardada desde
1996 com Paulo Fontelles Filho,
como noticiou a Folha em junho.
Vereador do PC do B em Belém
(PA) e filho do primeiro militante
de esquerda a investigar a guerrilha do Araguaia, Fontelles afirma
que a comissão do Ministério da
Justiça já tomou seu depoimento
e recebeu dois ofícios sobre o assunto. No entanto, ainda não foram buscar a ossada, que lhe foi
entregue por um camponês.
Duas das ossadas da Polícia Federal, retiradas do cemitério de
Xambioá (PA) não seriam de
guerrilheiros, segundo os argentinos. A recomendação de devolução das ossadas, feita há cinco
anos, ainda não foi cumprida.
A outra ossada de Xambioá está
quase completa. Porém, até o mês
passado, os peritos da Polícia Civil
só sabiam da existência de dois
dentes e um fêmur, nos quais as
análises de DNA não tiveram êxito. Suspeita-se que a ossada completa seria de João Carlos Haas
Sobrinho, médico e guerrilheiro
do PC do B morto no Araguaia
em 1972, aos 31 anos.
As outras duas ossadas foram
retiradas de uma cova clandestina
na reserva indígena de Sororó
(PA), mas a única análise feita foi
a da equipe argentina.
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado das famílias dos guerrilheiros desaparecidos já solicitou que a Comissão
de Direitos Humanos da Câmara
convide o ministro da Justiça, José Gregori, e o presidente da Comissão de Desaparecidos Políticos, Miguel Reale Júnior, para explicar a falta de providências relativas às ossadas já encontradas,
mas ainda não identificadas.
A Folha deixou recados no escritório e no celular de Reale Júnior, mas não houve resposta.
Mês passado, quando a PF achou
as caixas com ossadas, Reale Júnior disse que todas as providências estavam sendo tomadas. "É a
primeira vez que ouço que o exame de identificação poderia ser
feito de outra forma", disse, referindo-se às técnicas da antropologia forense. Para ele, caberia à PF
devolver os ossos não pertinentes
a Xambioá.
(LEILA SUWWAN)
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