São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

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Ossadas foram achadas em 1996

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As ossadas retiradas da região do Araguaia em 1996 pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça, auxiliada por uma equipe de peritos argentinos, continuam guardadas em caixas de biscoito e macarrão no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, no Distrito Federal.
Além disso, também não foram tomadas providências sobre a ossada que está guardada desde 1996 com Paulo Fontelles Filho, como noticiou a Folha em junho.
Vereador do PC do B em Belém (PA) e filho do primeiro militante de esquerda a investigar a guerrilha do Araguaia, Fontelles afirma que a comissão do Ministério da Justiça já tomou seu depoimento e recebeu dois ofícios sobre o assunto. No entanto, ainda não foram buscar a ossada, que lhe foi entregue por um camponês.
Duas das ossadas da Polícia Federal, retiradas do cemitério de Xambioá (PA) não seriam de guerrilheiros, segundo os argentinos. A recomendação de devolução das ossadas, feita há cinco anos, ainda não foi cumprida.
A outra ossada de Xambioá está quase completa. Porém, até o mês passado, os peritos da Polícia Civil só sabiam da existência de dois dentes e um fêmur, nos quais as análises de DNA não tiveram êxito. Suspeita-se que a ossada completa seria de João Carlos Haas Sobrinho, médico e guerrilheiro do PC do B morto no Araguaia em 1972, aos 31 anos.
As outras duas ossadas foram retiradas de uma cova clandestina na reserva indígena de Sororó (PA), mas a única análise feita foi a da equipe argentina.
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado das famílias dos guerrilheiros desaparecidos já solicitou que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara convide o ministro da Justiça, José Gregori, e o presidente da Comissão de Desaparecidos Políticos, Miguel Reale Júnior, para explicar a falta de providências relativas às ossadas já encontradas, mas ainda não identificadas.
A Folha deixou recados no escritório e no celular de Reale Júnior, mas não houve resposta. Mês passado, quando a PF achou as caixas com ossadas, Reale Júnior disse que todas as providências estavam sendo tomadas. "É a primeira vez que ouço que o exame de identificação poderia ser feito de outra forma", disse, referindo-se às técnicas da antropologia forense. Para ele, caberia à PF devolver os ossos não pertinentes a Xambioá. (LEILA SUWWAN)


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