|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ruth articula área social da campanha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A antropóloga Ruth Cardoso
voltou a vestir o figurino de militante político. A mulher de Fernando Henrique Cardoso é a mão
invisível na campanha do tucano
José Serra à Presidência. Ela só
não terá o ministério mais importante da área social de um eventual governo Serra se não quiser.
Ruth é amiga de Serra há cerca
de 30 anos. O tucano costuma dizer que ela é uma referência intelectual, a única pessoa que ele escuta, por mais que divirja sobre o
que ela estiver falando. A antropóloga justifica seu trabalho por
Serra não pela amizade, mas por
considerá-lo a melhor opção para
suceder o marido no Planalto.
Desde a época em que disputava
a indicação como candidato do
PSDB, Serra tem a preferência de
Ruth. Mas a antropóloga só embarcou de vez na campanha após
a convenção nacional da sigla, em
junho, durante a confecção do capítulo referente à área social do
programa de governo do tucano.
Ela teve papel decisivo, embora
tenha feito isso de maneira discreta. Até mesmo quando patrocinou uma reunião com mais de 50
especialistas num escritório de
São Paulo. Detalhe: a reunião
ocorreu num dia de jogo do Brasil
na Copa, de manhã. Muitos não
gostaram, mas ninguém faltou.
Coube a Ruth Cardoso fazer
uma espécie de "arrastão" nas
universidades, sobretudo na USP
e na Unicamp, e no governo federal. Gente como Maria Helena
Guimarães e Iara Prado, especialistas em educação, Carlos Pacheco, em ciência e tecnologia, José
Eli da Veiga, em políticas rurais, e
o sociólogo Augusto Franco, especialista em microcrédito.
O núcleo original do programa
de governo de Serra anotou uma
característica comum no grupo
que rodeava Ruth Cardoso: os integrantes tinham um perfil histórico de esquerda. Alguns, passagem pelo PT.
Ruth levou para a campanha de
Serra aliados desavindos de FHC
na universidade, mas também tucanos que trabalharam nas campanhas do presidente e não estavam engajados na candidatura de
Serra: Lila Covas, viúva de Mário
Covas, foi figura de destaque num
evento de apoio das mulheres tucanas a Serra realizado em agosto
no clube Pinheiros. O evento, seguido de show da cantora Elba
Ramalho, também tucana, foi organizado por Ruth Cardoso. Entre outros, apareceram Milu Vilela, herdeira do grupo Itaú, as atrizes Ruth Escobar e Irene Ravache.
Mesmo após a conclusão do
programa de governo de Serra, a
antropóloga, entre um compromisso e outro do Comunidade
Solidária, acha tempo para atender a demandas da campanha.
Encomendou, por exemplo, do
secretário-executivo do Ministério do Esporte e Turismo, José
Portela, caderno sobre futebol.
Se depender da campanha tucana, Ruth Cardoso representará
Serra nos próximos debates sobre
o programa social de governo.
Ruth participou de uma dezena
de reuniões das equipes. Mas é
dela a conceituação que serve como fio condutor do programa social. Capítulos como "Ajudando a
quem se ajuda" e "O novo Brasil
rural" têm a sua inspiração. Ela
sempre pedia cuidado para que os
textos não fossem elitistas.
O termo "equipe social", que
Serra utiliza como contraposição
à "equipe econômica" para explicitar a importância que dará a essa área, surgiu numa reunião
coordenada por Ruth.
Para os integrantes do programa social de Serra, a presença da
antropóloga foi decisiva nos momentos de desânimo, que abateram a equipe quando o último lugar nas pesquisas rondava o tucano. Era Ruth, contam, quem se
encarregava de elevar o moral da
tropa.
(RAYMUNDO COSTA)
Texto Anterior: Campanha: Serra acusa o PT de "requentar" acusações Próximo Texto: Acidente de campanha: Pára-quedista fere mulher em comício Índice
|