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CAMPO MINADO
Presidente do STF cobra "mais energia" na reforma agrária; Alencar diz que há "dificuldades para equilibrar as contas"
Problema no campo é do Executivo, diz Corrêa
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, disse ontem que cabe ao Executivo, não ao Judiciário, alocar as verbas e "cumprir a
Constituição" no que se refere à
reforma agrária.
Segundo Corrêa, as mortes de
trabalhadores rurais no Pará na
semana passada demonstram a
necessidade de o governo federal
fazer a reforma agrária "o mais rapidamente possível".
"Quem tem que fazer a reforma
agrária, cumprir a Constituição, é
o Poder Executivo. É ele que tem
que reservar as verbas adequadas
para aplicá-las no programa de
reforma agrária", disse Corrêa.
Mais uma vez, o presidente da
mais alta instância judicial faz críticas públicas ao governo de Luiz
Inácio Lula da Silva. Por causa dos
recentes comentários, Lula não o
cumprimentou no desfile do 7 de
Setembro, em Brasília, quando dividiram o mesmo palanque.
Ontem, aproveitando a visita
que Corrêa fez ao TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) de Minas
Gerais, em Belo Horizonte, uma
comissão de deputados estaduais
do PT pediu a ele que agilizasse o
julgamento do recurso contra José Rainha Jr., líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) em São Paulo, e sua
mulher, Diolinda Alves de Souza.
Ambos estão presos por decisão
do juiz Atis de Araújo Oliveira, de
Teodoro Sampaio (SP).
Corrêa defendeu Oliveira, afirmando que não há como censurá-lo. No entanto, disse que, se a decisão do juiz estiver errada -o
MST e os deputados petistas alegam que a decisão é ideológica-,
a Justiça irá corrigi-la no julgamento do recurso.
"Não há como censurar o juiz,
que está exercendo sua atividade
estatal de julgar. Não há como
condenar um juiz que aplicou a lei
segundo a visão dele. Se estiver errado, o tribunal corrige. Nada
mais do que isso."
Foi a partir de então que o presidente do STF, emendando a resposta, criticou o governo: "Agora,
o que é preciso é agilizar a reforma agrária. E isso é uma questão
que está nas mãos do Executivo,
não está nas mãos do Judiciário".
Questionado se acredita que falta agilidade ao governo, o presidente do STF afirmou: "Está um
pouco minimizada a atuação governamental em relação ao problema da reforma agrária. É preciso mais energia para decidir em
termos de programa, de recursos
para a reforma agrária. Se houver
uma disposição maior para a reforma agrária, os conflitos seguramente diminuirão".
José Alencar
Como resposta às críticas feitas
por Maurício Corrêa, o vice-presidente José Alencar citou o esforço da equipe econômica.
"Temos que investir mais na reforma agrária, é verdade. Recebemos uma situação difícil. Estamos
lutando com dificuldades para
equilibrar as contas. O Brasil, daqui para a frente, tem todas as
condições de retomar o desenvolvimento. Com isso, virão os recursos para um trabalho mais efetivo na reforma agrária", disse ele,
também em Belo Horizonte.
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