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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASSAÇÃO NO AR
"Vamos abrir o prazo de defesa porque a Mesa cometeu um erro formal", diz quarto-secretário
Decisão de Jobim leva Mesa a adiar ação contra deputados
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os sete deputados que formam
a Mesa Diretora da Câmara dos
Deputados decidiram ontem à
noite adiar por pelo menos dez
dias a abertura de processo de
cassação contra os 16 parlamentares acusados de envolvimento no
escândalo do "mensalão".
A decisão prevê a abertura de
cinco sessões (uma semana, em
tese) no plenário da Casa para que
os acusados apresentem defesa
escrita ou oral. Só depois disso
seus nomes devem ser enviados
ao Conselho de Ética da Câmara
para abertura de processo, depois
do que uma renúncia ao mandato
não garante mais a manutenção
dos direitos políticos.
O ato assinado ontem revoga
um anterior, que havia aprovado
o relatório sobre os processos de
cassação contra os 16 deputados e
os encaminhado ao Conselho de
Ética da Câmara. Agora, todos os
processos terão de seguir para a
Corregedoria da Casa, que irá notificar os acusados. A partir da notificação, que deve ocorrer a partir
de segunda, eles terão cinco sessões para apresentar suas defesas.
Após essa fase, a Corregedoria
reencaminhará seu parecer sobre
os 16 deputados para exame da
Mesa da Câmara. Aprovados, eles
seguirão então novamente para o
Conselho de Ética da Casa.
Na prática, o ato dá uma sobrevida a sete dos 16 parlamentares,
cujos processos deveriam ser
abertos hoje: José Janene (PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Vadão Gomes (PP-SP), José Borba (PMDB-PR), Wanderval Santos (PL-SP) e
Roberto Brant (PFL-MG).
Dos outros nove acusados, seis
petistas já haviam conseguido anteontem liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) sustando a
abertura de seus processos
-Professor Luizinho, João Paulo
Cunha, Josias Gomes, Paulo Rocha, José Mentor e João Magno.
E os três restantes -José Dirceu
(PT-SP), Sandro Mabel (PL-GO)
e Romeu Queiroz (PTB-MG)- já
sofrem processo de cassação no
Conselho de Ética por terem sido
representados (acusados) anteriormente por partidos políticos.
A decisão da Câmara foi baseada na liminar concedida pelo STF
aos petistas. A avaliação é que era
melhor estendê-la de imediato a
todos os 16 acusados, evitando
com isso problemas jurídicos sob
o argumento de que alguns não tiveram direito à ampla defesa.
A abertura do processo de cassação é um divisor de águas no
mecanismo interno da Câmara
que leva um deputado à perda ou
não do mandato: se o acusado renunciar antes disso, escapa da
inelegibilidade de oito anos que
uma cassação acarretaria. Valdemar Costa Neto (SP) e Carlos Rodrigues (RJ), ambos do PL, recorreram a esse expediente.
"Vamos abrir o prazo de defesa
porque a Mesa cometeu um erro
formal. Eles [petistas] estão corretos, a Mesa deixou de cumprir um
dos pontos que tinha que cumprir. Falei isso na reunião de terça,
mas fui voto vencido; todos disseram que tinha que abrir o processo já porque senão a mídia nos
mataria", disse João Caldas (PL-AL), quarto-secretário da Mesa.
Na terça, os sete deputados que
formam a cúpula da Casa se reuniram e decidiram determinar a
abertura de processo contra 17
deputados (Roberto Jefferson,
cassado anteontem, ainda estava
na lista) com base em relatório
preliminar da CPIs dos Correios e
do Mensalão. Na CPI dos Correios, todos os acusados apresentaram suas defesas. Além disso,
três deputados do PP também já
tiveram a oportunidade de se defender na Corregedoria da Mesa
da Câmara, mas mesmo assim
entraram na lista dos que terão direito às cinco sessões de prazo.
"A Mesa foi correta em decidir
mandar os nomes ao conselho. Lá
é que é o lugar da defesa, mas pode ser que economizemos tempo
abrindo as sessões pedidas pelo
STF", disse José Thomaz Nonô
(PFL-AL), primeiro-vice.
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