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PF vai sugerir quebra de
sigilos do parlamentar
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal encaminhará
hoje ao STF (Supremo Tribunal
Federal) o inquérito no qual é investigada a suposta prática de extorsão do empresário Sebastião
Buani contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Junto com um relatório parcial sobre o caso, a PF sugerirá ao
STF novas medidas, entre as quais
a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Severino e Buani.
Pretende-se, com o cruzamento
dos dados, descobrir possíveis indícios que indiquem a verdadeira
relação entre o empresário e o
parlamentar, já que ambos se dizem vítima no episódio.
Buani alega ter sido extorquido
por Severino, que teria lhe cobrado uma pensão mensal para que
ele continuasse como concessionário do principal restaurante da
Câmara; o presidente da Casa diz
que o empresário tentou arrancar-lhe dinheiro para não divulgar para a imprensa o que passou
a se chamar "A História de um
Mensalinho" -o passo-a-passo
da suposta mesada de R$ 10 mil
mensais paga ao parlamentar.
Será possível, por exemplo, checar se Buani disse a verdade ao
afirmar que Severino ligava para
seu celular para cobrar a mesada.
A PF decidiu apressar o envio
do inquérito ao STF -conforme
a lei, poderia tomar essa providência até o dia 4 de setembro-
diante das novas evidências de
que Severino, tanto quanto Buani,
é alvo da investigação. Sua condição de parlamentar desloca o foro
do inquérito para o STF.
Assim, se a PF continuasse com
diligências, como a tomada de novos depoimentos, a defesa de possíveis acusados poderia alegar, no
futuro, que as ações foram ilegais
e, portanto, nulas, na medida em
que não teriam sido conduzidas
no foro competente.
Contra Severino pesam depoimentos que o colocam como beneficiário de uma mesada paga
por Buani e, principalmente, a cópia de um cheque de R$ 7,5 mil,
sacado por sua secretária Gabriela
Kênia Martins em 30 de julho de
2002.
Em depoimento à PF anteontem, Kênia, que trabalha para Severino desde 1995, confirmou o
saque e disse que o dinheiro foi
usado na campanha de deputado
estadual de Severino Cavalcanti
Júnior, filho do presidente da Câmara, morto em agosto de 2002.
Os elementos colhidos até agora
na investigação colocam Severino
sob suspeita de concussão (extorsão praticada por funcionário público) ou de corrupção passiva.
Quanto a Buani, investiga-se se
houve corrupção ativa.
Conforme a legislação, as penas
previstas para tais crimes podem
chegar a oito anos de prisão, além
de multa.
Na quarta, quando Buani apresentou a cópia do cheque, a PF
pretendia voltar a ouvir o empresário, que já havia prestado depoimento na semana passada.
A coleta de um novo depoimento de Buani, de sua filha, Gisele,
gerente financeira do restaurante,
e também da gerente de banco Jane Albuquerque (que autorizou o
saque do cheque) constarão das
sugestões que a PF fará ao STF.
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