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PF prende petistas acusados de comprar dossiê anti-Serra
Membro do partido e ex-agente da PF foram presos com R$ 1,7 milhão em São Paulo
Polícia também prendeu em Mato Grosso líder da máfia sanguessuga e seu primo, que carregava no aeroporto vídeos e fotos contra tucano
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Federal apreendeu
ontem US$ 248,8 mil e R$ 1,168
milhão (R$ 1,7 milhão), em um
hotel de São Paulo, em poder do
petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento dos
candidatos tucanos Geraldo
Alckmin e José Serra com a
máfia dos sanguessugas.
O material, que teria sido
reunido e arquivado por Luiz
Antonio Vedoin, um dos donos
da Planam, foi encontrado e
apreendido em Cuiabá (MT),
na noite de anteontem.
Vedoin, apontado como chefe do esquema dos sanguessugas, foi preso ontem pela Polícia Federal, na capital mato-grossense, sob acusação de
"ocultação e venda de provas" e
"chantagem de pessoas envolvidas em crimes".
Em nota oficial, a PF informou que a operação policial começou na noite de anteontem,
no aeroporto de Várzea Grande, "região metropolitana de
Cuiabá, quando localizou na
bagagem de Paulo Roberto Trevisan [primo de Vedoin] uma fita de vídeo, um DVD, uma
agenda e seis fotografias que
vinculariam políticos ao esquema de superfaturamento [na
compra de ambulância pelo
Ministério da Saúde] investigado na Operação Sanguessugas".
"No vídeo aparece José Serra. Tem fotos do Alckmin e do
[senador tucano] Antero [Paes
de Barros] e deputados daqui",
afirmou a PF em Mato Grosso.
Trevisan foi detido quando
subia a escada do avião com
uma pasta azul levando o material com imagens da presença
de Serra e outros tucanos na
entrega de 41 uma ambulâncias
em Cuiabá, em maio de 2001.
As ambulâncias foram vendidas pela Planam. Trevisan estava embarcando para São Paulo,
onde ocorreria a negociação.
Levado à PF, Paulo Trevisan
disse que iria entregar o material em São Paulo a pedido de
Vedoin a uma pessoa que o reconheceria pela pasta azul. Em
seguida, Trevisan foi liberado.
A PF de Mato Grosso acionou a Superintendência da PF
em SP na madrugada de ontem.
Mediante ordem judicial, pediu
que os policiais localizassem
Padilha e Passos. Eles foram
encontrados nos quartos 475 e
479 do hotel Ibis Congonhas,
próximo ao aeroporto.
Tecnicamente, não foram
presos em flagrante, pois não é
crime portar dinheiro em espécie, conforme a legislação brasileira. A ilegalidade se confirmará se não conseguirem comprovar a origem do dinheiro.
Eles foram levados pelos policiais à superintendência da PF
para prestar esclarecimentos
sobre o montante que estava
em seu poder e ficaram detidos,
pois tiveram sua prisão temporária decretada por sete dias.
Por determinação judicial, o
dinheiro apreendido ficará sob
a custódia da 3ª Vara da Justiça
Federal em Mato Grosso. Vedoin está sob a custódia da Polinter, em Cuiabá. Segundo a
PF, as diligências executadas
em São Paulo e Cuiabá têm autorização judicial, despachada
pelo juiz César Bearsi, também
da 3ª Vara da Justiça Federal.
Desdobramentos
As prisões realizadas ontem,
segundo a PF, são desdobramento da Operação Sanguessugas, deflagrada em maio, com a
prisão de 48 empresários -entre os quais Darci e Luiz Antonio Vedoin- e funcionários de
suas empresas, além dos ex-deputados Ronivom Santiago e
Carlos Rodrigues.
Ao dar seqüência a linhas de
investigação que derivavam do
foco principal da operação sanguessugas, a PF identificou novos personagens no desdobramento de negócios atribuídos
aos Vedoin. Segundo a PF, os
policiais receberam uma informação de que Paulo Trevisan
estava levando o material a São
Paulo. A Justiça Federal havia
autorizado escutas telefônicas
para monitorar Vedoin.
Padilha seria o coordenador
da campanha petista em Mato
Grosso. À PF Gedimar Passos
disse que estava a serviço do PT
na negociação para comprar
documentos e imagens que poderiam colocar sob suspeita os
candidatos tucanos à Presidência e ao governo paulista.
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