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GRAMPO NO BNDES
Principal suspeito teve nova prisão preventiva decretada anteontem à noite pela Justiça do Rio
Telmo afirma que não se entregará
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Principal suspeito de grampear
telefones do prédio do BNDES no
Rio, Temílson Antônio Barreto de
Resende, conhecido como Telmo
na comunidade de informações
do governo, disse ontem em entrevista à Folha que não se entregará à Justiça Federal.
Anteontem à noite, o juiz Alexandre Libonati, da 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro,
decretou a prisão preventiva de
Temílson, 48, que está foragido.
Telmo admitiu reaparecer só
depois que o TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio apreciar o
habeas corpus em que o advogado Carlos Kenigsberg pedirá a revogação da ordem. Se o TRF
mantiver a prisão, ele permanecerá escondido.
Na primeira vez em que teve sua
prisão decretada, Telmo ficou 12
dias foragido. Ele se entregou em
28 de setembro passado. Depois,
a prisão foi relaxada.
Na entrevista à Folha, Telmo
cobrou o aprofundamento das
investigações em torno da cúpula
do governo que participou da privatização das estatais de telecomunicações, em 29 de julho do
ano passado.
Sem citar nomes, ele se referia
ao ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de
Barros e a André Lara Resende,
ex-presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), conforme
apurou a Folha.
Denunciados pelo Ministério
Público Federal por suposta prática de improbidade administrativa, em processo na Justiça Federal do Rio, Mendonça de Barros e
Lara Resende deixaram o governo após o estouro do escândalo
dos grampos.
Analista de informações da
Subsecretaria de Inteligência da
Presidência da República, Telmo
desfruta um período de três anos
de licença sem vencimentos.
A reportagem da Folha conversou com Telmo por telefone. Segundo informou o advogado Carlos Kenigsberg, Telmo está fora
do Estado do Rio.
Folha - As investigações apontam para quem teria grampeado os telefones do BNDES, não
para quem teria dado a ordem.
O que o senhor acha disso?
Temílson Resende - Como cidadão, acho isso muito estranho.
A responsabilidade pela confecção do grampo deve ser apurada.
O responsável ou os responsáveis
devem responder na Justiça.
Agora, jamais se esquecendo
das pessoas que foram privilegiadas pelo grampo na privatização
da Telebrás.
Folha - Quem foi privilegiado?
Telmo - De acordo com o que
foi publicado na Folha... Não gostaria de citar nomes. Isso tem que
ser apurado pela Justiça.
Folha - O senhor acha que os
dirigentes do governo à época
da privatização das empresas
de telecomunicações, e que deixaram os cargos após a divulgação do grampo, deveriam ser
melhor investigados?
Telmo - Com certeza. Não deve
haver privilégio para ninguém.
Todos devem ser investigados de
acordo com a lei. Hoje a mídia só
se preocupa com uma pessoa, a
minha. Acho que devem continuar me investigando, como devem continuar investigando todo
mundo.
Folha - O senhor pretende se
entregar?
Telmo - Por orientação de meu
advogado, aguardarei a decisão
do habeas corpus que será impetrado semana que vem no Tribunal Regional Federal. Como já falei na minha apresentação anterior, não sou nenhum foragido,
nenhum bandido. Mas, agora,
não vou me apresentar antes do
habeas corpus.
Folha - O ex-policial federal
Célio Arêas Rocha afirma que o
senhor o convidou para grampear os telefones do BNDES. O
senhor nega. Por que Rocha o
estaria acusando?
Telmo - Como todos os que tiveram acesso ao meu depoimento
em juízo, com certeza, sem sombra de dúvida, acho essa história
fantasiosa, mirabolante e totalmente mentirosa.
Folha - O senhor chegou a investigar na Subsecretaria de Inteligência quem seriam os responsáveis pelos grampos?
Telmo - Não investiguei nada. O
que houve foi uma informação,
vinda de Brasília, de que a Abin
(como a SSI é conhecida) teria
realizado uma investigação oficial
antes da privatização, mas nada
ficou comprovado.
Folha - Para o senhor, veterano no serviço de inteligência do
governo, o grampo teve origem
institucional, tornando-se mais
tarde uma operação comercial?
Telmo - Sobre isso não tenho
meios de aquilatar ou afirmar.
Cabe à Justiça determinar.
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