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Lula afirma que não responderá a funcionário do governo dos EUA
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A NATAL E A RECIFE
O candidato Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) evitou ontem polemizar com Robert Zoellick, representante do Comércio dos Estados Unidos (uma espécie de ministro do Comércio Exterior). Segundo Zoellick, os EUA priorizarão outros países se um governo
petista não aceitar a Alca (Área de
Livre Comércio das Américas).
Pela manhã, Lula se esquivou de
comentar as declarações, alegando que não conhecia o americano:
"Não vou interpretar a fala de um
cara que não conheço. Não dá para um candidato a presidente responder a cada um que dá palpite sobre o Brasil. O Brasil tem interesses soberanos, tal como os
EUA. Em todas as negociações,
seja Alca ou não, o governo tem
de sentar para tirar vantagem para seu país, para a sua indústria. É
isso que nós vamos fazer e os EUA
também. Vamos conversar e chegar a um ponto de equilíbrio".
À tarde, Lula voltou ao assunto:
"Eu não posso responder ao sub
do sub do sub do secretário americano. Tem muita gente que fala
bobagem a respeito do Brasil. E,
se Deus quiser, essas pessoas vão
passar a respeitar o Brasil".
Na edição de domingo do jornal
"The Miami Herald", Zoellick disse que ou o Brasil aceita a Alca ou
terá de comerciar com a Antártida. Lula criticou o aumento das
taxas de juros anunciado pelo
Banco Central. Segundo ele, a medida não reduzirá a crise cambial
e é "recessiva" para a economia.
"Não acredito que o aumento
de três pontos percentuais [na taxa de juros" resolva o problema
que eles querem resolver. Porque
a ganância dos especuladores é
muito grande. Não há remédio no
curto prazo. O único remédio é
fazer a economia brasileira voltar
a crescer", afirmou o petista.
Sobre a repercussão eleitoral da
decisão, disse: "Não creio que
uma decisão dessas possa beneficiar ou prejudicar alguém tão rapidamente. Mas vai ficar mais difícil o governo fazer um discurso
otimista para a sociedade".
"A equipe econômica parece
que só enxerga, lamentavelmente,
como única saída o aumento das
taxas de juros. A medida foi coercitiva para a produção e os consumidores", disse Lula.
O PT não crê que outro pronunciamento de Lula possa debelar a
crise. "Não achamos que isso ajudará agora. Se for necessário e
acharmos que terá efeito no mercado, ele poderá fazer de novo",
disse Antônio Palocci, coordenador de programa de governo.
Em Brasília, o vice de Lula, José
Alencar (PL), disse que a alta dos
juros pode quebrar o país. "Toda
a banca internacional sabe que essas taxas de juros quebram qualquer economia, razão pela qual
sobe o risco-país", afirmou.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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