São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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PAINEL

A boa
A agenda "quente" de José Dirceu, obtida a partir de requerimento à Casa Civil, traz informações ausentes da que foi entregue à CPI dos Correios. Por ter passado ao largo da comissão, não poderá ser usada como prova no processo de cassação.

Não-contabilizados
Em 8 de janeiro de 2003, a agenda em poder da CPI registra encontro do então ministro com os petistas José Genoino, Aloizio Mercadante, João Paulo Cunha e Tião Viana. Na mesma data, a outra repete essa escalação, acrescida das presenças de Delúbio Soares e Silvio Pereira.

Muito a conversar
Dirceu, que insiste em dizer que não interferia nos negócios do PT, encontrou-se cinco vezes com o tesoureiro Delúbio entre 25 de janeiro e 11 de maio deste ano. Segundo anotações da agenda requerida pelo PFL à Casa Civil, as reuniões totalizaram duas horas e cinco minutos.

De casa
A agenda entregue à CPI lista nove encontros com Roberto Jefferson apenas a partir de janeiro de 2004, quando o ministro já havia saído da articulação política. Para membros do Conselho de Ética, isso desmonta o discurso de Dirceu de que Jefferson não tinha "intimidade" para lhe falar do "mensalão".

Escolinha do professor
Em seu esforço para empastelar o trabalho das CPIs, os governistas se miram no exemplo do deputado José Mentor (PT-SP), autor do relatório-pizza da investigação do Banestado. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) é sua mais aplicada discípula.

Cada um na sua
Enquanto o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) dificulta a vida do governo na sub-relatoria de finanças da CPI dos Correios, seu irmão Claudio Fruet advoga para Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro na fila da cassação.

Voto de protesto
Pesquisas qualitativas à disposição das duas campanhas que disputam o referendo das armas, no próximo domingo, indicam que o eleitor associa o lado pró-restrições ao governo. E que a rejeição a este é um dos fatores, embora não o único, a explicar o crescimento do "não".

Fora do armário
Para a claudicante campanha do "sim", a informação animadora é que também no lado do "não" o eleitor enxerga um sujeito oculto: o lobby da indústria de armas. Esse dado já começou a ser explorado na nova fase da propaganda do "sim".

Hora do jantar
As pesquisas também sugerem ser freqüente a divergência de posição no referendo entre membros da mesma família. Como a influência sobre o voto costuma ser maior quanto mais próxima a relação, as duas campanhas têm margem de manobra para converter indecisos.

Noivado firme 1
Os comerciais do PFL de São Paulo que irão ao ar nesta terça-feira são reveladores do clima no partido em relação ao PSDB: na capital, o vice-prefeito Gilberto Kassab enumera realizações de José Serra. No interior, Claudio Lembo faz o mesmo com o governador Geraldo Alckmin.

Noivado firme 2
As inserções pefelistas com sabor tucano receberam a benção do presidente do partido, Jorge Bornhausen, de Marco Maciel e de Cesar Maia. Este, que para consumo externo ainda é pré-candidato ao Planalto, foi o primeiro a defender publicamente o apoio ao escolhido do PSDB.

Coisas da vida
Mesmo adversários de Anthony Garotinho dentro do PMDB reconhecem que, mantidas as regras do jogo das prévias no partido, dificilmente alguém arrancará a candidatura presidencial das mãos do ex-governador do Rio de Janeiro.

TIROTEIO

Do deputado federal Rafael Guerra (PSDB-MG), do Movimento Pró-Congresso, sobre o secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, que atacou as "denúncias vazias" contra o governo Lula, fruto da "volúpia eleitoral" da oposição:
-A pizza lhe subiu à cabeça.

CONTRAPONTO

Parente é serpente

Dois deputados da oposição conversavam no início da semana passada a respeito da denúncia de que um dos irmãos do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, abrira um escritório para intermediar interesses de empresários da região do ABC no governo federal.
Um dos parlamentares imediatamente se recordou de história sempre repetida pelo ex-presidente e hoje senador José Sarney (PMDB-AP).
Em 1965, quando nomeado governador do Maranhão, Sarney foi chamado para uma audiência com o então presidente da República, Castello Branco.
No meio da conversa, o militar perguntou ao então deputado:
-Me diga, o senhor tem quantos irmãos?
-Tenho 14, presidente.
Castello Branco balançou a cabeça e vaticinou:
-Sinto lhe dizer, mas vai ser muito difícil o senhor governar.


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