São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Com sede ao pote

Embora tenha dito que não fará "um milímetro de movimento" para permanecer de vez na presidência do Senado, o interino Tião Viana (PT-AC) avançou mais do que alguns centímetros nessa direção. Ao pedir, no primeiro dia, os cargos dos dois principais assessores de Renan Calheiros (PMDB-AL) -o secretário de imprensa Douglas de Felice e o diretor de Comunicação da Casa, Weiller Diniz-, o petista deu o sinal. "É como se o Zé Alencar assumisse por tempo determinado e demitisse o Franklin Martins", compara um renanzista. A notícia de que já foi encomendado um mapa dos cargos comandados por Renan e José Sarney acendeu a luz vermelha no PMDB. O partido apela para que o licenciado renuncie, único meio de tirar Tião da cadeira e antecipar a eleição do sucessor.

A conferir. Por meio de um aliado, Renan rejeitou no início da noite a possibilidade de renunciar. "Nem ao mandato nem à presidência", disse.

Jogo rápido. O PMDB pressiona pela renúncia-já por avaliar que, no curto intervalo de cinco sessões até a eleição do novo presidente, o PT não teria como viabilizar um dos seus. Tião Viana, a única opção real entre os petistas, precisa da interinidade para construir a candidatura.

Latifúndio. Além dos 180 cargos da presidência do Senado (em sua maioria comissionados), gravitam na órbita de Renan e de Sarney os cerca de 600 cargos do setor de comunicação da Casa. Desses, apenas 180 são ocupados por funcionários de carreira.

Tenho dito. "Não há hipótese nenhuma", diz Sarney sobre a chance de suceder Renan. E na eleição seguinte, para comandar o Senado no último biênio do governo Lula? "Não há hipótese nenhuma."

Com legendas. Um PhD em Sarney traduz a declaração: "Ele só vai na boa, e desta vez sabe que não haverá consenso em torno de seu nome".

Termômetro. A parcela "light" da oposição, dentro e fora do Senado, avalia que a licença diminuiu a "disposição sanguinária" para cassar Renan. "Agora vai depender do Jefferson Peres", diz um cardeal tucano. O pedetista é relator do caso das emissoras.

Regional. Na lista dos "demos" que devem votar com o governo na CPMF está Rosalba Ciarlini. Líder da bancada, José Agripino ameaça punir quem não acompanhar o partido, mas terá especial dificuldade em cumprir a palavra no caso da senadora, sua aliada no Rio Grande do Norte.

Ladeira acima 1. Pesquisa feita na semana passada na cidade de São Paulo detectou 42% de avaliação ótima ou boa sobre a administração de Gilberto Kassab (DEM), que meses atrás amargava pesada rejeição. A gestão foi considerada regular por 36% e ruim ou péssima por 17%.

Ladeira acima 2. Além da escalada dos números, assessores do prefeito festejam o fato de que a avaliação atingiu patamar semelhante à do governo Serra (PSDB). A pesquisa foi feita para o partido do prefeito pelo Ipespe, do sociólogo Antonio Lavareda.

Em campanha. Tucanos paranaenses distribuirão no Estado adesivo com o slogan "Aécio é 10" durante as convenções regionais do PSDB, marcadas para o próximo domingo em todo o país.

Cofre. O antigo Campo Majoritário do PT fará jantar no dia 24, em Brasília, a fim de levantar fundos para a campanha à presidência do PT de Ricardo Berzoini. O valor mínimo a ser cobrado no encontro deve ficar em torno de R$ 30.

Santinho. Os candidatos à presidência do PT vão concentrar seus gastos no material impresso, já que as despesas com viagens e hospedagens devem ser cobertas pela direção do partido, como ocorreu na eleição interna de 2005. Na ocasião, a sigla desembolsou quase R$ 1 milhão.

Tiroteio

Mais uma vez, o governo Lula adota uma política dos tucanos, com a diferença de que esses não são contratos de concessão, e sim acordos de conservação de estradas.


Do deputado VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP) sobre o fato de os valores dos pedágios dos novos contratos serem muito inferiores aos dos fechados em São Paulo no período Covas-Alckmin e no governo FHC.

Contraponto

Contra-exemplo

O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), compareceu no início do mês a uma reunião do Conselho de Ética do Senado para acompanhar a indicação do nome que relataria a representação na qual Renan Calheiros é acusado de usar laranjas na compra de rádios e TVs.
Mais vistoso membro da tropa de choque de Renan, Wellington Salgado (PMDB-MG) provocou o deputado:
-Veio aqui fazer estágio para senador?
Alencar rebateu de pronto:
-Não, é que costumo acompanhar representações feitas por meu partido. Mas, se estivesse fazendo o estágio, pelo que tenho visto e ouvido, ia desistir já!


Próximo Texto: Maioria do Senado rejeita CPMF como governo quer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.