São Paulo, quinta, 16 de outubro de 1997.




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GOVERNO DE SP
Companhia habitacional ignorou tabela de preços
Documentos revelam compra de terrenos por valor elevado

XICO SÁ
EMANUEL NERI
da Reportagem Local

Documentos oficiais obtidos pela Folha mostram que o governo de São Paulo adquiriu terrenos por um preço acima do valor máximo estabelecido em tabela de mercado que orienta as compras da administração estadual.
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) comprou um terreno na zona oeste de São Paulo, com 7.767 m2, e pagou R$ 623,191,12.
Seguindo o valor máximo fixado pela tabela de mercado, a CDHU não poderia pagar mais que R$ 567,3 pela área destinada à construção de casas populares -o pro grama mais explorado pela publicidade do governo Mário Covas.
Dirigida por Goro Hama, amigo e pessoa de confiança do governador, a CDHU destinou R$ 80,23 por cada metro quadrado do terreno. Segundo a tabela, a unidade custaria entre R$ 59,77 e R$ 73,05.
Sob investigação do Ministério Público estadual, a direção da CDHU adquiriu outro terreno em Taboão da Serra, na região da Grande São Paulo, por quase o dobro do que deveria pagar de fato, caso seguisse a tabela utilizada pelo próprio governo estadual.
A transação, realizada no final do ano passado, custou R$ 899.804,50 aos cofres públicos.
O governo pagou R$ 12,99 (o documento da CDHU arredonda para R$ 13) por uma área de 69.242,84 m2.
Caso resolvesse seguir o valor de mercado e da tabela oficial, a companhia habitacional gastaria, pela cotação máxima, R$ 488,8 mil.
Segundo revelou o Ministério Público estadual, a CDHU já realizou outras compras com valores elevados, como em Fartura (340 km a oeste de São Paulo).
Nesse município, o governo comprou no ano passado um terreno por R$ 308 mil. A mesma área havia sido adquirida, dois meses antes, por apenas R$ 15 mil pela empreiteira Mazetto.
Goro Hama informou, por meio da sua assessoria, que suspendeu e está avaliando parte dos contratos do programa "Chamamento Empresarial", que inclui os casos de compras de terrenos investigadas pelo Ministério Público.
Segundo os assessores, a CDHU vai avaliar as transações citadas pela Folha.



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