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GOVERNO DE SP
Companhia habitacional ignorou tabela de preços
Documentos revelam compra
de terrenos por valor elevado
XICO SÁ
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Documentos oficiais obtidos pela Folha mostram que o governo
de São Paulo adquiriu terrenos por
um preço acima do valor máximo
estabelecido em tabela de mercado
que orienta as compras da administração estadual.
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) comprou um terreno na zona
oeste de São Paulo, com 7.767 m2,
e pagou R$ 623,191,12.
Seguindo o valor máximo fixado
pela tabela de mercado, a CDHU
não poderia pagar mais que R$
567,3 pela área destinada à construção de casas populares -o pro
grama mais explorado pela publicidade do governo Mário Covas.
Dirigida por Goro Hama, amigo
e pessoa de confiança do governador, a CDHU destinou R$ 80,23
por cada metro quadrado do terreno. Segundo a tabela, a unidade
custaria entre R$ 59,77 e R$ 73,05.
Sob investigação do Ministério
Público estadual, a direção da
CDHU adquiriu outro terreno em
Taboão da Serra, na região da
Grande São Paulo, por quase o dobro do que deveria pagar de fato,
caso seguisse a tabela utilizada pelo próprio governo estadual.
A transação, realizada no final
do ano passado, custou R$
899.804,50 aos cofres públicos.
O governo pagou R$ 12,99 (o documento da CDHU arredonda para R$ 13) por uma área de
69.242,84 m2.
Caso resolvesse seguir o valor de
mercado e da tabela oficial, a companhia habitacional gastaria, pela
cotação máxima, R$ 488,8 mil.
Segundo revelou o Ministério
Público estadual, a CDHU já realizou outras compras com valores
elevados, como em Fartura (340
km a oeste de São Paulo).
Nesse município, o governo
comprou no ano passado um terreno por R$ 308 mil. A mesma área
havia sido adquirida, dois meses
antes, por apenas R$ 15 mil pela
empreiteira Mazetto.
Goro Hama informou, por meio
da sua assessoria, que suspendeu e
está avaliando parte dos contratos
do programa "Chamamento Empresarial", que inclui os casos de
compras de terrenos investigadas
pelo Ministério Público.
Segundo os assessores, a CDHU
vai avaliar as transações citadas
pela Folha.
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