São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Por Dilma, governo dá verba a tucanos em SP

Transferências voluntárias da União a prefeituras do PSDB em São Paulo sobem em relação a 2008 para ajudar petista

Recursos aplicados em 9 cidades comandadas pela oposição a Lula cresceu; estratégia do PT é viabilizar palanques para a ministra

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

As transferências voluntárias (sem obrigatoriedade constitucional) de verbas do governo federal para tradicionais redutos comandados por tucanos no Estado de São Paulo cresceram neste ano pré-eleitoral em relação ao mesmo período de 2008.
O que parece ser uma incoerência política do governo petista trata-se, na verdade, de estratégia pré-eleitoral definida pelo PT de aumentar a ação da União em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, na tentativa de fortalecer a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do partido à sucessão de Lula em 2010.
Conforme levantamento feito pela Folha nas 21 cidades com mais de 200 mil eleitores do Estado (onde pode haver segundo turno), o montante das transferências voluntárias neste ano cresceu em dez delas, sendo nove administradas por partidos de oposição a Lula.
Cidades como São José dos Campos e Sorocaba, onde o PSDB do governador e pré-candidato a presidente José Serra está no poder desde 1997, tiveram um incremento de 28% e 9% no volume de verbas enviadas diretamente da União, respectivamente. Em ambas Lula foi derrotado por larga margem pelo tucano Geraldo Alckmin no primeiro turno da eleição de 2006.
Segundo petistas, os candidatos a deputado federal ou estadual vão levar a mensagem de que o governo federal é quem investe nesses redutos oposicionistas. O partido pretende contar com a ajuda desses políticos para montar palanques locais para Dilma.
"Vamos mostrar à população que o governo federal está presente no Estado, com obras e muitas outras ações em todas as áreas", diz Edinho Silva, presidente do PT-SP.
No mês passado, Dilma vistoriou a reforma de um estádio de futebol em Araraquara, cidade na qual Edinho foi prefeito e comandada hoje pelo PMDB serrista. Essa será uma prática rotineira da ministra em São Paulo, dizem petistas.
Em 4 dos 6 municípios administrados pelo PT e onde o partido tem uma base consolidada -todos na região metropolitana de São Paulo-, o volume de repasses sofreu redução em relação ao ano eleitoral de 2008, quando os petistas formaram o chamado "cinturão vermelho" em torno da capital do Estado. Somente Osasco, do pré-candidato ao governo paulista pelo PT Emidio de Souza, e Mauá não sofreram nenhuma variação nos dois períodos.

Obras sociais
Boa parte das verbas diretas são para programas de alta capilaridade eleitoral, como urbanização de favelas, obras em hospitais e ações sociais.
O PT calcula que, se Serra ou outro adversário de Dilma abrir vantagem de cerca de 4 milhões de votos em São Paulo, será difícil compensar a diferença em outra região, como o Nordeste.
Em redutos da oposição ao Planalto, as únicas quedas ocorreram em Ribeirão Preto, da prefeita Dárcy Vera (DEM), que despencou 16%, e em Jundiaí, do tucano Miguel Haddad, queda de 2%.


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