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Foco
Representante de vítimas do terrorismo faz greve de fome por extradição de Battisti
Luciana Coelho/Folha Imagem
![](../images/n1611200901.jpg) |
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O italiano Bruno Berardi faz protesto diante da Embaixada do Brasil em Roma; segundo ele, Battisti é criminoso comum
DA ENVIADA A ROMA
Bruno Berardi é abordado
por transeuntes que o cumprimentam e o incentivam enquanto posa para fotografias
diante da Embaixada do Brasil
em Roma, na movimentada
Piazza Navona. Desde sábado,
Berardi, presidente da associação de vítimas do terrorismo
Domus Civita, está em greve de
fome para protestar a favor da
extradição de Cesare Battisti.
"Muito bem, é corajoso da
sua parte", diz um casal. "Eles
têm de extraditá-lo." Berardi
diz que deixou de comer e beber em "contraposição" à greve
de fome de Battisti, que iniciou
o jejum na quinta dizendo que
prefere morrer de fome "do que
pelas mãos de seus carrascos".
"Nós, vítimas do terrorismo,
pedimos aos brasileiros e ao
presidente Lula da Silva que
não ouçam só a voz de Cesare Battisti, mas também nossa voz", disse Berardi à Folha. "Esse senhor não tem
nada a ver com política. É
um criminoso que matou
quatro pessoas e quer parecer alguém que participou de
luta política. Ele deve ser extraditado à Itália. Ele matou,
tem de haver justiça."
Filho de um oficial da polícia morto pelas Brigadas
Vermelhas em 1978, Berardi
está em sua segunda greve de
fome. Na outra, "há alguns
anos", diz que perdeu 20 kg
em duas semanas, no julgamento de um militante. "Foi
bom, eu pesava 140 quilos",
brincou. Hoje, pesa em torno
de cem. "Vai que consigo
emagrecer outra vez."
Berardi afirma ter conversado com os parentes das vítimas de Battisti, que estão,
diz, "decepcionados". Agora,
quer falar com Lula para expor a posição dos familiares.
"Se ele me convidar, eu declararei nossa posição, a das
famílias, que é a de que Battisti deve cumprir uma pena
longa no nosso país."
A Justiça italiana condenou Battisti à prisão perpétua por envolvimento no assassinato de quatro pessoas
nos anos 1970, quando era
militante do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele alega que seu crime
foi político. O Brasil, para
onde foi após fugir para a
França, concedeu-lhe status
de refugiado. O Supremo deve decidir nesta quarta sobre
a extradição -a votação está
empatada, faltando apenas o
voto do ministro Gilmar
Mendes. O STF pode ainda
remeter a decisão a Lula.
"Se decidirem contra a extradição, eu continuarei a
passar fome e sede, porque,
nesse caso, morre a Justiça
do mundo", diz Berardi. "Antes que a matem, morro eu,
porque não é possível confundir as vítimas com o criminoso."
(LUCIANA COELHO)
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