|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GASTOS PÚBLICOS
No ano 2000, fiscalização da ponte pode custar 35 vezes o gasto médio de manutenção de estradas
DNER dobrará gastos com a Rio-Niterói
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
Durante o ano 2000, o DNER
(Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) pretende dobrar os gastos com a fiscalização
da ponte Rio-Niterói, rodovia federal concedida à iniciativa privada em dezembro de 1994.
Conforme a Folha noticiou ontem, esses gastos totalizarão neste
ano cerca de R$ 700 mil, o que representará uma média de R$
53,03 mil por quilômetro.
O valor de 1999 já é mais de 17
vezes o custo médio de manutenção de estradas pavimentadas,
que segundo o próprio DNER é
de R$ 3.000 por quilômetro/ano.
A proposta orçamentária da
União para o ano 2000 prevê recursos de R$ 1,4 milhão para essa
atividade, que atingirá um custo
final de R$ 106,06 mil por quilômetro/ano. A ponte Rio-Niterói
tem 13,2 quilômetros de extensão.
Essa fiscalização é feita por empresas de consultoria contratadas
pelo DNER. Na ponte Rio-Niterói, excepcionalmente, a fiscalização é feita pelo próprio órgão.
Anteontem, na última sessão da
Comissão de Orçamento do Congresso, foi aprovada uma suplementação orçamentária de R$
5,71 milhões à verba de R$ 6,34
milhões que já existe no Orçamento deste ano do DNER para
gastos com a fiscalização de cinco
rodovias federais operadas pela
iniciativa privada.
A Folha solicitou ao departamento uma justificativa para a
duplicação dos gastos com a fiscalização da ponte Rio-Niterói. O
diretor de Concessões Rodoviárias do órgão, Lívio Rodrigues de
Assis, informou que só se manifestaria hoje sobre essa questão.
Concessionária
Por meio da sua assessoria de
imprensa, a empresa Ponte S/A,
concessionária que administra a
ponte Rio-Niterói, explicou que a
fiscalização do trecho sob sua responsabilidade chega a custar 40
vezes a fiscalização de uma estrada tradicional.
Esse custo é superior, segundo a
assessoria de imprensa da Ponte
S/A, por causa da complexidade
das estruturas.
A empresa informou que a fiscalização envolve a verificação
das estruturas submersas no mar,
a qualidade do serviço prestado
pela concessionária, o tempo de
atendimento do usuário no pedágio e as condições do piso.
Segundo a assessoria de imprensa da Ponte S/A, a concessionária já investiu R$ 44 milhões no
trecho desde 1996. Outros R$ 42
milhões deverão ser investidos até
o final do ano 2001.
O presidente da Associação
Brasileira de Concessionárias de
Rodovias, Moacyr Servilha Duarte, não quis fazer comentários sobre os gastos do DNER na fiscalização de rodovias federais concedidas à iniciativa privada.
Ele disse apenas que "um órgão
de fiscalização bem estruturado é
bom para o usuário, para o governo e para as concessionárias".
As concessões de rodovias federais à iniciativa privada começaram no final de 1994, quando a
Ponte S/A assinou o contrato de
concessão da Rio-Niterói por um
período de 20 anos.
Todo o programa já concedeu
856 quilômetros à iniciativa privada, que fica responsável por investimentos de infra-estrutura e
arrecada os pedágios.
Texto Anterior: Para advogados, lei é inconstitucional Próximo Texto: Legislativo: Câmara encerra ano sem votar ajuste Índice
|