São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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PÚBLICO X PRIVADO

Para futuro chefe da Casa Civil, acusação contra empresa de José Alencar não constrange governo eleito

Ação da Coteminas não é política, diz Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal José Dirceu (PT-SP), futuro ministro-chefe da Casa Civil, disse ontem que a acusação de fraude na compra de algodão envolvendo a Coteminas, empresa de propriedade do vice-presidente eleito, José Alencar, é uma questão empresarial e não política. Não existe, na avaliação de Dirceu, nenhum constrangimento para o governo eleito em razão do o caso.
"Este é um assunto empresarial. Não acredito que seja um assunto político", declarou Dirceu, pouco antes das 17h, no momento em que chegava à residência oficial da Granja do Torto, em Brasília, onde acompanharia pela televisão a final do Campeonato Brasileiro ao lado do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, a Folha revelou que a Coteminas, segunda maior empresa brasileira de atuação no setor têxtil, comprou, em leilões da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), lotes de algodão que, na prática, já lhe pertenciam. A manobra permitiu que a empresa conseguisse obter subvenções que o governo distribui em pregões agrícolas.
Dirceu declarou que não havia conversado com Lula a respeito do tema até aquele momento, nem revelou se o faria.
Para o futuro ministro, não haverá constrangimento algum para Lula em razão do fato de a Controladoria Geral da União, órgão subordinado à Presidência da República, estar investigando a empresa de Alencar, em apuração que deve se estender pelo mandato do petista.
"Não há nenhum constrangimento. A investigação quem vai fazer é a controladoria, evidentemente", disse.
Para ele, não há nenhum motivo para que a apuração seja interrompida no próximo mandato. "Não há nenhuma razão para parar. Por que vai parar?", perguntou Dirceu.

Capacidade de defesa
O futuro ministro afirmou ainda que a Coteminas tem todas as condições de se explicar. "A empresa Coteminas está se defendendo, sabe se defender."
Apesar de se mostrar favorável à apuração, Dirceu saiu em defesa de Alencar, afirmando que ele não tem nenhuma relação com a administração da empresa.
O vice-presidente eleito afirmou à Folha que o dia-a-dia da Coteminas está sob a responsabilidade de seu filho, Josué Gomes da Silva.
"Não há nenhuma relação [das atividades da Coteminas] com o José Alencar, que está afastado da empresa. Ele se afastou há muito tempo", disse o petista.
Questionado a respeito da possível participação de partidos que farão oposição ao governo de Lula na acusação, Dirceu declarou que a sociedade brasileira é quem julgará se há motivação política por trás do caso.
"É direito de qualquer cidadão encaminhar a denúncia que quiser. A sociedade faz o julgamento se é uma manipulação política ou não", afirmou o futuro ministro da Casa Civil.
(FÁBIO ZANINI)


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