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MÍDIA
Câmara derruba proposta que criava Conselho Federal de Jornalismo em votação simbólica; Fenaj protesta contra decisão
Deputados rejeitam projeto que criaria CFJ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco mais de quatro meses
após ser enviado pelo governo ao
Congresso, o projeto de lei que
criaria o CFJ (Conselho Federal de
Jornalismo) foi rejeitado ontem
pela Câmara dos Deputados.
Apesar disso, o PT disse que vai
pedir ao Palácio do Planalto que
envie nova proposta em 2005.
Alvo de várias críticas, o projeto
foi rejeitado em votação simbólica (sem registro nominal dos votos), já que havia acordo para sua
derrubada. "Isso aqui não é uma
votação, é uma cerimônia de réquiem", resumiu o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ).
A proposta de criação do conselho foi encampada pelo governo
com base em texto da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que até o último momento
tentou impedir a sua rejeição.
A principal crítica ao projeto é
que ele representaria uma tentativa de controle da atividade jornalística. Um dos objetivos do conselho era "orientar, disciplinar e
fiscalizar o exercício da profissão
de jornalista". A Fenaj, cujos principais diretores são filiados ao PT,
disse posteriormente que aceitava
a retirada da expressão.
O fato é que há muito tempo o
governo não fazia nenhum esforço para manter o projeto. Como o
PFL exigiu sua rejeição como forma de entrar em acordo para realizar outras votações, o Planalto
logo consentiu. O relator do projeto, Nelson Proença (PPS-RS),
pediu a rejeição da proposta: "A
atividade jornalística é intrinsecamente agressiva aos interesses de
quem tem as suas mazelas expostas por matéria publicada. Mas isso é socialmente legítimo, saudável e essencial à democracia".
"Nós, da bancada do PT, achamos muito importante a criação
de um conselho de jornalismo.
(...) Sabemos do acordo entre os
partidos para o sepultamento do
projeto, mas vamos sugerir ao
Executivo que envie outra proposta de conselho no ano que
vem", afirmou Arlindo Chinaglia
(SP), líder da bancada do PT. Segundo ele, o novo projeto só autorizaria a criação do conselho. Os
outros detalhes seriam formulados após debate com a categoria.
No início da noite, a Fenaj divulgou nota dizendo que "patrões,
Parlamento e governo" se uniram
para enterrar o projeto: "O projeto que propõe o Conselho Federal
dos Jornalistas está morto. A esperança de milhares de jornalistas
e a expectativa de segmentos sociais importantes foram enterradas pelos coveiros tradicionais da
democracia e da organização da
sociedade, aliados a inusitados
novos cúmplices". Segundo a Fenaj, o governo abandonou o projeto, mas isso não impedirá que
ela continue lutando pela criação
do conselho.
(RANIER BRAGON)
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