São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

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ELEIÇÕES 2006/GOVERNO DE SÃO PAULO

Peemedebista fica a frente de petistas e empata com Fernando Henrique Cardoso

Quércia surpreende e lidera a corrida pelo governo paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

Frustrando a expectativa de quem aposta na polarização PT versus PSDB para o governo de São Paulo, o peemedebista Orestes Quércia é hoje o favorito na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. A primeira pesquisa Datafolha sobre a eleição no Estado mostra que, com 24% a 33% das intenções de voto, Quércia lidera a corrida em cinco dos seis cenários apresentados pelo instituto.
Em somente um deles há empate técnico, no qual Quércia (24%) divide a liderança com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (23%), do PSDB, com apenas um ponto de vantagem. Nesse quadro -o mais disputado dos seis-, o líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT), está logo atrás, com 20% das intenções de voto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Nessa simulação, votos em branco, nulos e de indecisos somam 24%, o mesmo índice de apoio a Quércia. Mas, em outros cenários, a soma pode chegar a até 29% dos votos -mais de um quarto do eleitorado.
Para o diretor-presidente do Datafolha, Mauro Paulino, o alto índice de votos nulos, em branco e de indecisos expressa que "essa é uma eleição aberta". "As taxas de intenção de votos podem mudar muito. Não estão consolidadas, cristalizadas", disse ele, afirmando que há espaço para crescimento de candidatos já lançados e de novos nomes.
Para Paulino, a explicação para a liderança de Quércia "se dá mais por rejeição aos outros do que por preferência" a ele. "É mais por exclusão. Marta e Mercadante pagam o preço da crise política [que afeta o PT]. Fernando Henrique carrega o peso de oito anos de governo." Essa pesquisa, diz ele, "tem um componente de protesto em relação aos dois partidos dominantes, PT e PSDB".
Hoje afastado do noticiário e dedicando-se, além da política estadual, à produção de café, Quércia aparece em situação confortável -pelo menos cinco pontos à frente do segundo colocado- nos cinco cenários em que lidera.
Foram seis as simulações apresentadas aos eleitores pelo Datafolha, com diferentes candidatos do PSDB e do PT, partidos em que a situação é mais indefinida. Além de FHC, foram submetidos os nomes dos dois tucanos que já se lançaram formalmente na disputa: o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza e o líder do governo na Câmara Municipal, o vereador José Aníbal.
Pelo PT, foram apresentados os nomes de Mercadante e da ex-prefeita Marta Suplicy, também pré-candidatos declarados. Além de Quércia, o pedetista Carlos Apolinário e o pefelista Guilherme Afif Domingos figuram em todos os cenários.
FHC desponta como o mais competitivo dos tucanos. Na pesquisa, o ex-presidente tira votos de Quércia, por exemplo, entre as mulheres e eleitores com nível fundamental de escolaridade.
Ainda assim, FHC fica três pontos percentuais abaixo de Marta no cenário que oferece a ex-prefeita como alternativa petista. Nesse caso, Quércia tem 26% das intenções. Marta tem 21% e FHC, 18%. Apolinário aparece com 6% e Afif, com 5%. Votos em branco, nulos e de indecisos somam 23%.
Nas simulações em que FHC é substituído por Aníbal ou por Paulo Renato, Mercadante e Marta aparecem como segundo colocados. Ele, com 23%. Ela, com 22%. Em todos eles, Apolinário é o terceiro colocado, sempre com 7% das intenções de voto.

Tucanos
Aníbal e Paulo Renato estão longe de apresentar o mesmo desempenho. O vereador tem 6% quando Mercadante está na disputa e 5% quando a adversária petista é Marta, ficando empatado tecnicamente com Apolinário e Afif em ambas situações. Paulo Renato é o último colocado nas duas simulações. Tem 4% contra Mercadante (empatado tecnicamente com Afif) e apenas 3% contra Marta.
Segundo a pesquisa, Quércia tem melhor performance no interior. Nas simulações que incluem Marta, por exemplo, seu potencial de votos no interior chega a ser dez pontos acima do que na região metropolitana, onde ela tem mais força.
Em um dos cenários (com Aníbal), Quércia tem 36% dos votos do interior contra 16% de Marta. Ela, por sua vez, tem 29% da preferência na região metropolitana. Quércia, 26%.
Essa vantagem de Quércia só é reduzida quando FHC e Mercadante estão na disputa. Nesse cenário, fica três pontos a frente de FHC no interior: 25% a 22%. Sem FHC, Quércia chega a ficar 14 pontos à frente de Mercadante no interior.
Ainda de acordo com a pesquisa, Quércia -que governou o Estado de 1987 a 1991- tem seu ponto fraco entre os eleitores de 16 a 24 anos. Em todos os cenários, ele fica abaixo do patamar de 20% entre os entrevistados com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos. Seu desempenho também piora entre os eleitores com nível de escolaridade superior.
O Datafolha ouviu 1.798 moradores de São Paulo na terça e na quarta-feira desta semana.


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